quarta-feira, 25 de maio de 2016

maníaco sexual

sigo o trecho do abandono
a goteira continua a pingar
as garrafas vazias me encaram
os jovens passam aos berros em seus
enlouquecidos carros
por que?
vai ver é porque são jovens
também já fui um deles
mas era diferente
minha loucura não era santa
me recordo de uma cena
um tanto embaçada
como um para-brisas em noite de nevoeiro
no meio
dessas trevas me vejo
sentado numa  mesa de um grande bar vazio
há um casal de amigos
estou embriagado até o pescoço
sinto tesão pela garota ao meu lado
não sei por que mas estou descalço
o chão é formado por pedrinhas doidas
roxas
  como mendigos no inverno
fico batendo os pés nesse chão
de forma que se forma uma poça de lama
(devia ter chovido ou sei lá
é uma recordação insana!)
como insanos foram aqueles tempos
como insanas eram aquelas noites
até hoje
(fumando e matando pernilongos)
mas a cena principal
não sei...
bem... sei
tinha roubado um pouco de maconha
da casa de uns amigos
retirei do bolso
a erva
enrolei um grandioso baseado
comecei a fumar tranquilamente
(como se estivesse na Holanda ou no Uruguai!)
chapado
como um anjo caído do céu
agarrei a garota!
ela tentou se esquivar
mas
eu bolinava seus peitos
enfiava a mão entre suas pernas
até que caímos na lama
ela gritou
mordi o pescoço dela
o cheiro da erva queimada
(como um incenso maligno numa catedral)
fez o garçom se aproximar
eu
(enfurecido arrancando a blusa de algodão da garota
prestes a cometer um estupro!)
o garçom
não soube o que fazer
eu
urrava como se estivesse possuído
por demônios
a garota gritava
seus peitos balançavam
já fora da blusa
minha mão já estava dentro de suas calças
foi aí
que chegou o dono do bar
e berrou:
"pare ou vou chamar a polícia!!!"
como que saindo de um sonho erótico
não entendi nada do que estava acontecendo
lentamente
retirei os dois dedos que
dentro da vagina da garota
também não entendiam nada
do que estava acontecendo
fui retirando
todo o corpo de cima
da garota em transe
(como uma indiana meditando)
levantei
peguei o baseado
acendi
soltei uma gargalhada
(típica de um psicopata!)
observei a lua
e
fui
através de lentos passos
para solitária casa
por isso
quando da minha janela
vejo esses jovens
lembro da minha juventude
percebo
que deviam ter me trancafiado
numa jaula
com 
chipanzés
gorilas
e
para aliviar a tensão
poéticas zebrinhas
eu
era um perigo para a sociedade
e
acho
que
 ainda
 sou
e
acho
que
serei
por
 toda 
a
vida


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