quarta-feira, 29 de junho de 2016

o poeta que escrevia sobre a buceta

ele
poeta
escreve
deitado
de
bruços
sobre
o
colchão
manchado
de
sangue
no
papel
manchado
de
vinho
ela
ninfeta
apetitosa
sentada
com
pernas
brancas
escancaradas
se
delicia
com
a
fumaça
do
cigarro
manchado
de
batom
ele
faz
poema
sobre
a
buceta
saborosa
laceada
após
o
ato
cometido
pouco
faz
poema
sobre
a
buceta
irrigada
por
esperma
a
escorrer
lento
manchando
o
colchão
manchado
de
sangue
ela
engole
nicotina
é
ainda
menina
e
sorri
envaidecida
por
ser
alvo
dessa
escrita
libidinosa
graciosa
mata
o
cigarro
manchado
de
batom
no
cinzeiro
escuta
o
sussurro
da
caneta
no
papel
manchado
de
vinho
escancara
mais
as
pernas
brancas
deixa
totalmente
à
vista
a
buceta
avermelhada
ele
se
excita
versos
fervorosos
brotam
de
seu
corpo
versos
como
mordidas
no
papel
manchado
de
vinho
ela
se
inclina
para
frente
seus
longos
cabelos
negros
se
misturam
aos
pelos
pubianos
a
buceta
fica
meio
encoberta
por
aquela
cabeleira
ele
se
perde
ergue
a
cabeça
encontra
os
olhos
ferozes
dessa
ninfeta
esquece
a
buceta
esquece
o
poema
a
beija
na
boca
joga
o
papel
manchado
de
vinho
para
longe
ao
longe
bêbados
uivam
meretrizes
descansam
encostadas
nos
postes
da
esquina
ela
felina
abraça
com
as
pernas
brancas
o
tronco
do
poeta
e
se
lança
para
trás
desabando
no
colchão
manchado
de
sangue
ele
preso
por
um
metro
de
pernas
brancas
desaba
em
cima
da
imperatriz
menina
conquistando
aquele
território
como
bárbaros
invadindo
Roma
ele
a
invade
com
o
pau
em
alerta
não
deixa
deserta
aquela
caverna
avermelhada
ela
franze
a
sobrancelha
centelha
de
fogo
a
penetra
escandalosamente
deixa
marcas
quentes
nas
costas
do
poeta
ele
agora
escreve
seu
mais
agradável
poema
a
vida
é
melhor
que
a
poesia
ela
goza
e
chora
de
alegria
ele
goza
e
berra
um
berro
do
tamanho
da
cidade
em
que
mora
um
vento
forte
de
inverno
atravessa
a
janela
e
leva
para
mais
longe
o
papel
manchado
de
vinho
morre
num
canto
o
poema
pela
metade
eles
vivem
e
a
noite
arde
em
chamas
em
meio
ao
frio
algo
sem
explicação
eles
gargalham
e
ao
longe
um
cão
deserdado
desvirgina
uma
cadela
menina
 
  
 

homem aos 41

rosto
desintegrado
por
décadas
de
fragmentos
de
minguada
poesia
o
que
você
queria?
ver
homem
aos
41
integrado
à
cultura
tradicional
paralisado
com
o
corpo
verminoso
contemplando
o
jornal
nacional
como
se
aquilo
fosse
as
pernas
de
adorável
fêmea
jovial
ou
então
integrado
à
cultura
moderna
todo
culto
como
um
campo
de
beterrabas
doentes
graduado
na
bela
universidade
que
nada
mais
é
que
uma
nova
igreja
onde
quer
que
esteja
esse
homem
aos
41
não
está
em
lugar
algum
nem
nem
ele
recusa
o
sol
e
a
chuva
o
que
nele
são
estrelas
coloridas
gritantes
ardentes
elas
são
derramadas
no
papel
em
forma
de
palavras
nada
adocicadas
infelizes
e
radiantes
elas
são
expulsas
das
entranhas
ganham
vida
seguem
perdidas
mundo
afora
como
prostitutas
miseráveis
bêbados
que
procuram
o
céu
no
fundo
da
garrafa
artistas
desconhecidos
deprimidos
olhando
o
sangue
manchar
a
gillete
e
o
que
você
queria?
é
eterna
apatia
que
vejo
nessas
faces
cheias
de
tédio
e
esperança
alimentando
o
sonho
com
migalhas
nada
de
devorar
a
Terra
com
mordidas
atrevidas
meros
  farelos
e
ainda
querem
castelos!
se
querem
mesmo
carreguem
pedras
nos
ombros
até
florescerem
feridas
façam
já!!!
a
esperança
cultivada
atrás
da
tela
do
computador
fará
seu
sonho
empalidecer
eu
homem
aos
41
nada
espero
tudo
faço
tudo
quero
e
o
que
você
queria?
nada
faz
na
verdade
nada
quer
(e se quer não sabe o que!!!)
e
por
isso
seu
rosto
brilha
enlameado
de
cremes
hidratantes
bem
barbeado
ou
bem
maquiada
indo
à
academia
marcando
cirurgia
plástica
enquanto
eu
homem
aos
41
carrego
esse
rosto
envelhecido
maltratado
cheio
de
pelos
sujos
cheio
sabe
de
que?
alegria
melancolia
o
que
você
queria?
não
existe
esse
brilho
em
sua
letargia
isso
não
é
um
insulto
talvez
minhas
estrelas
sejam
 cuspidas
no
seu
gramado
tão
bem
aparado
talvez
você
as
cate
jogue
fora
ou
guarde
no
bolso
não
é
um
insulto
é
somente
um
poema
de
homem
aos
41
enquanto
o
sono
não
vem
e
a
tempestade
não
chega


segunda-feira, 27 de junho de 2016

vida na corda bamba

que
a
paz
não
esteja
com
você
eterno
conflito
habite
seu
interior
eterno
grito
diante
de
uma
existência
que
nada
diz
sorria
curtindo
a
cicatriz
como
a
minha
ao
cravar
faca
de
cozinha
no
pulso
esquerdo
foi
um
desatino
valente
poderia
ter sido
fatal
não foi
e
se
fosse?
doce
veneno
da
vida
teria
se
extinguido
esmilinguido
e
contente
desapareceria
sobrevivi
estou
aqui
caso
contrário
tudo
igual
a
foice
um
dia
cortará
o
pescoço
tanto
faz
hoje
ontem
ou
daqui
à
décadas
apenas
o
vento
a
sacudir
o
cabelo
nesse
segundo
é
que
existe
o
resto
é
hipótese
não
caminho
perfeito
inúmeras
estradas
 cintilantes
rasgando
o
peito
não
verdade
gritantes
interpretações
de
um
mundo
que
o
devora
elaboro
o
poema
que
também
me
devora
e
é
bom
ser
triturado
por
dentes
tão
ferozes
alimenta
o
conflito!
mastigo
um
chichlet
de
menta
danço
e
assobio
na
calçada
da
Professor
Cleto
os
seres
pacíficos
tão
calmos
com
sua
doença
murmuram:
"ele é demente
todo
esfarrapado
sujo
despenteado
e
ainda
anda
como
um
epilético"
murmuram mais:
"soube que já foi
para o hospício
cinco vezes
não
reza
e
vive
no
bordel"
e murmuram mais:
"dizem que é
poeta
não acredito
um
poeta
é
ser
delicado
e
limpo!"
lanço
meu
olhar
irônico
à
eles
acendo
um
cigarro
chamo
de
gata
a
garota
que
passa
e
digo:
"senhoras e senhores
que todos os
horrores
gritem
em
seus
ventres
e
deles
surja
um
novo
ser
forte
como
um
corte
no
pulso
esquerdo
não
fraco
como
seus
corpos
tão
bem
vestidos
em
suave
desfile"
me
calo
estive
em
melhores
ruas
em
melhor
companhia
mas
nada
disso
retira
dos
meus
lábios
a
alegria
 
o aniversário

25
junho
41
anos
no
planetinha
azul
nasci
às
3
e
25
da
manhã
hoje
nesse
mesmo
momento
desperto
e
atento
não
comemorei
pois
uma
volta
a
mais
ao
redor
da
envelhecida
estrela
amarela
para
mim
nada
significa
mas
engoli
uma
dose
de
oxigênio
e
sorri
depois
de
umas
4
horas
dormi
quando
acordei
descobri
o
que
sabia
para
meu
pai
essa
volta
a
mais
significa
e
muito
encheu
a
casa
de
bolo
e
Coca-Cola
todo
animado
convidou
gente
de
tudo
quanto
é
lado
e
ouvi
parabéns
a
você
4
vezes!!!
foi
um
dia
atarefado
eu
tão
solitário
me
vi
cercado
de
gente
que
entrava
e
saía
ao
longo
de
umas
8
horas!
muita
gente
embriagada
ou
enlouquecida
pela
vida
me
abraçava
e
beijava
minhas
mãos
rosto
cabeça
eu
todo
simpático
naquela
confusão
me
senti
bem!
bacana
a
festa
promovida
por
meu
pai!
não
comi
bolo
me
intoxiquei
de
Coca-Cola
e
Marlboro
de
vez
em
quando
lembrava
que
minha
mãe
iria
gostar
daquela
balbúrdia
ela
amava
o
dia
do
aniversário
dos
filhos
e
galopava
louca
que
era
pela
casa
toda
tonta
de
tanta
emoção
ah!
mãe
se
você
visse
a
algazarra
que
o
pai
implantou!
quase
chorava
ao
pensar
que
ela
poderia
estar
ali
e
não
estava
mas
logo
vinha
um
doido
e
alegrava
meus
olhos
úmidos
observando
aquela
insanidade
pensava
o que é isso?
completei
41
percebi
que
a
vizinhança
inteira
me
adora
percebi
a
autenticidade
daquele
frenesi
o que fiz
para que
todos
gostassem
assim
de
mim?
e
conversava
e
gargalhava
e
lembrava
da mãe
e
ingeria
Marlboro
e
Coca-Cola
até
a
escuridão
chegar
se
agigantar
e
pouco
a
pouco
aquele
bando
festivo
que
ia
e
voltava
foi
se
esvaindo
ainda
ficaram
no
portão
dialogando
glorificados
com
meu
pai
radiante
eu
nessa
hora
distante
estava
atordoado
com
o
25
de
junho
mais
insano
que
vivi
foi
agradável!
obrigado
pai

minha Betty

eu
e
minha
Betty
muitas
gargalhadas
damos
lendo
as
notícias
tolas
do
jornal
que
nem
é
de
hoje
(sei lá de quando é!)
tanto
faz
é
sempre
tolo
e
engraçado
ainda
mais
ao
seu
lado
esparramados
no
sofá
azul
em
plena
manhã
de
sol
vadio
a
sala
está
um
trapo
as
paredes
amarelas
de
tanto
tabaco
no
tapete
mais
poeira
que
numa
estrada
de
terra
estamos
com
a
barriga
rugindo
mas
temos
vinho
em
taças
imundas
e
cigarros
acesos
temos
desejo
à
flor
da
pele
coração
na
ponta
da
língua
logo
cansamos
das
notícias
nos
invade
a
preguiça
tédio
loucura
tesão
Betty
desaba
no
chão
permanece
sorrindo
mirando
o
teto
caio
por
cima
ergo
seu
vestido
florido
abaixo
sua
calcinha
delicada
enfio
o
dedo
comprido
na
sua
buceta
sempre
quente
Betty
a
melhor
das
putas
exaltada
pede
que
meu
coração
na
ponta
da
língua
se
afunde
naquele
local
no
qual
se
esvai
urina
e
sangue
é
o
que
elas
mais
gostam!
retiro
o
dedo
Betty
derrama
vinho
sobre
seus
pelos
pubianos
sorridente
mirando
o
teto
e
pede
que
eu
beba
em
grandes
goles
o
vinho
derramado
aceito
o
convite
com
apetite
de
homem
enjaulado
molho
os
lábios
ao
mergulhá-los
entre
sua
florestinha
me
afogo
na
sua
chama
 prossigo
abro
clareira
na
florestinha
encontro
um
pedaço
de
carne
púrpura
de
(como um sentinela
nas bordas da cela)
com
o
coração
na
língua
lambidas
de
sonho
inebriam
Betty
que
derrama
vinho
agora
sobre
meus
cabelos
enquanto
afundado
entre
suas
pernas
de
rainha
ouço
seus
gritos
de
gatinha
e
toda
convulsiva
vai
ficando
Betty
enquanto
a
língua
pulsante
mistura
saliva
ao
vinho
do
clitóris
crepuscular
Betty
agarra
minha
cabeça
com
mãos
suadas
sorrindo
mirando
o
teto
goza
tranquila
num
silêncio
digno
de
cemitério
enche
as
taças
de
vinho
ilumina
os
cigarros
estou
deitado
naquele
tapete
empoeirado
sorrindo
mirando
o
teto
colado
à
minha
Betty


sexta-feira, 24 de junho de 2016

como nasce o poema

sou
lodoso
campo
de
batalha
estrondoso
assombro
parte
de
mim
parte
de
mim
sucumbe
todo
dia
é
uma
espécie
de
doentia
mania
outra
parte
sobrevive
vive
no
brilho
do
sonho
em
meio
às
fétidas
imagens
delirantes
de
cachorros
putrefatos
no
asfalto
e
crianças
morrendo
nos
verdejantes
campos
acordo
a
parte
sobrevivente
um
tanto
esquálida
um
tanto
carente
toda
contente
enquanto
minha
cabeça
dolorida
entupida
de
vermelhos
e
azuis
dançantes
obriga
pernas
irem
até
à
cozinha
buscar
neosaldina
ao
retornar
ela
implora
poesia
urgente
à
parte
sobrevivente
o
corpo
se
entrega
à
tarefa
exigida
desaparece
fadiga
na
medida
que
verso
após
verso
o
poema
ganha
rosto
pescoço
peito
pernas
pés
e
está
pronto
e
sai
rebolando
pela
casa
ocupa
o
pátio
se
despede
e
parte
para
o
mundo
eu
me
sinto
muito
bem
nada
entendo
como
isso
acontece?
estremece
o
chão
sujo
as
baratas
valentes
do
inverno
fogem
em
correria
um
terremoto
é
o
que
surge
ele
canta
sorria
sorria
!!!!!

o recomeço naufragou na primeira curva

oi!
bernardes
voltou
é
verdade
fui
embora
estou
novamente
(como um filho pródigo!)
oi!
bernardes
cambaleou
pela
noite
ela
se
mostrou
agradável
azulada
inesquecível
sem
estrelas
gordas
nuvens
amarelas
oi!
bernardes
estava
com
os
bolsos
cheios
de
dinheiro
audácia
números
de
telefone
e
a
fotografia
de
sua
mãe
estava
decidido
vida
ou
morte
na
rua
oi!
berbardes
antes
de
se
lançar
ao
mundo
entrou
num
bordel
pagou
vinho
para
todos
dançou
com
uma
prostituta
nua
no
quarto
com
papel
de
parede
vermelho
devorou
a
fêmea
ao
som
de
canções
populares
a
tocar
no
radinho
em
cima
da
cômoda
verde
os
lençóis
eram
alaranjados
e
a
puta
depois
do
ato
vestiu
uma
calcinha
preta
com
um
furinho
no
lado
direito
oi!
bernardes
seguiu
em
frente
ainda
nítido
o
volume
de
notas
assim
adentrou
numa
loja
de
conveniências
iluminada
em
demasia
aquilo
feriu
seus
olhos
angelicais
havia
uma
menina
atrás
do
balcão
não
lembro
qual
cantada
obscena
proferi
sei
que
ela
sorriu
um
sorriso
libidinoso
marquei
um
encontro
também
não
lembro
quando
nem
onde
enfim
comprei
um
litro
de
conhaque
e
duas
carteiras
de
Marlboro
saí
cantarolando
do
recinto
oi!
bernardes
embriagado
sente
o
pânico
gelado
conquistar
seus
dentes
suas
pernas
magras
sua
inchada
barriga
branca
procurou
um
hotel
não
lembro
mais
de
nada!!!
nem
como
acordei
nem
por que
voltei
apenas
lembro
dos
estilhaços
da
garrafa
espalhados
por
todo
o
aposento
apenas
lembro
que
o
gerente
chegou
e
eu
o
subornei
oi!
bernardes
demente
retorna
aos
seus
poemas
vivos
e
obscenos
é
verdade
sou
uma
confusão
que
caminha
não
sei
por que
disse
adeus
à
tudo
nem
porque
nesse
momento
digo
oi!
 



recomeço

último
poema
de
bernardes
sereno
como
as
águas
límpidas
do
lago
bernardes
sem
destino
com
garras
de
fera
sem
caça
à
vista
bernardes
decidido
é
o
fim
enrolado
no
pescoço
bernardes
abandonará
a
casa
largado
no
asfalto
fará
poemas
com
o
vermelho
crepúsculo
expulso
do
peito
ao
arranhar
o
solo
não!!!
bernardes
esquecerá
a
lira
como
um
Rimbaud
do
vale
do
Iguaçu
será
mais
poeta
sem
versos
nos
dedos
poesia
por
todo
o
corpo
livre
saltitando
entre
os
cacos
das
garrafas
nos
becos
tristes
que
a
partir
de
hoje
serão
seu
refúgio
adeus
pai
adeus
irmã
adeus
bairro
Cristo Rei
adeus
rua
Inácio Martins
adeus
canários
da
montanha
talvez
adeus
vida
talvez
bem-vindo
à
vida

quinta-feira, 23 de junho de 2016

numa tarde festiva fui ao supermercado

arrasto
o
carrinho
de
compras
no
supermercado
cato
entre
os
corredores
recheados
pela
paixão
do
consumo
500
gramas
salsicha
Perdigão
3
latas
sardinhas
mergulhadas
em
molho
de
tomate
6
maçãs
argentinas
então
tudo
derrete
à
minha
frente
como um cubo de gelo
chicoteado pelo fogo
é
que
vejo
garota
fascinante
ao
lado
dos
legumes
está
numa
casinha
engraçada
e
não sei
qual sua
função
naquela
casa
de
horrores
caminho
com o
carrinho
em sua
direção
digo:
"olá garota
que faz aí
atrás desse balcão
nessa casinha engraçada?"
ela diz:
"estou oferecendo um copo
do novo refrigerante da
Coca-Cola"
digo:
"hummm"
ela diz:
"quer experimentar?"
digo:
"quero experimentar
você
numa banheira cheia
desse
refrigerante!!!"
suas faces
brancas
adquiriram
uma
coloração
avermelhada
antes
que
ela
me
insultasse
ou
algo
parecido
digo:
"não me leve à sério
tenho idade para ser
seu pai
apesar de realmente
ter visto
em seus lábios
a luz do sonho"
ela
ficou confusa
com
essa
frase
abaixou
a
cabeça
e
quando
levantou
eu
estava longe
estava pedindo
em
casamento
a
mocinha
do
caixa
com
seus
longos
cabelos
ao
vento
(que entrava pelas portas
ensolaradas
do supermercado)
ela
também ficou
confusa
com
meu
pedido
digo:
"não me leve à sério
mocinha de piercing
no nariz
estou velho
peço toda jovem
em casamento"
assim
paguei as
500
gramas
salsicha
Perdigão
3
latas
sardinhas
envoltas
em molho de
tomate
6
maçãs
da terra do tango
precisava
de
outras
mercadorias
me
perdi
completamente
dando
voltas
ensandecidas
pelos
corredores
do
desejo
mas
penso
que
fiz
uma
agradável
visita
ao
templo
capitalista