quarta-feira, 29 de junho de 2016

homem aos 41

rosto
desintegrado
por
décadas
de
fragmentos
de
minguada
poesia
o
que
você
queria?
ver
homem
aos
41
integrado
à
cultura
tradicional
paralisado
com
o
corpo
verminoso
contemplando
o
jornal
nacional
como
se
aquilo
fosse
as
pernas
de
adorável
fêmea
jovial
ou
então
integrado
à
cultura
moderna
todo
culto
como
um
campo
de
beterrabas
doentes
graduado
na
bela
universidade
que
nada
mais
é
que
uma
nova
igreja
onde
quer
que
esteja
esse
homem
aos
41
não
está
em
lugar
algum
nem
nem
ele
recusa
o
sol
e
a
chuva
o
que
nele
são
estrelas
coloridas
gritantes
ardentes
elas
são
derramadas
no
papel
em
forma
de
palavras
nada
adocicadas
infelizes
e
radiantes
elas
são
expulsas
das
entranhas
ganham
vida
seguem
perdidas
mundo
afora
como
prostitutas
miseráveis
bêbados
que
procuram
o
céu
no
fundo
da
garrafa
artistas
desconhecidos
deprimidos
olhando
o
sangue
manchar
a
gillete
e
o
que
você
queria?
é
eterna
apatia
que
vejo
nessas
faces
cheias
de
tédio
e
esperança
alimentando
o
sonho
com
migalhas
nada
de
devorar
a
Terra
com
mordidas
atrevidas
meros
  farelos
e
ainda
querem
castelos!
se
querem
mesmo
carreguem
pedras
nos
ombros
até
florescerem
feridas
façam
já!!!
a
esperança
cultivada
atrás
da
tela
do
computador
fará
seu
sonho
empalidecer
eu
homem
aos
41
nada
espero
tudo
faço
tudo
quero
e
o
que
você
queria?
nada
faz
na
verdade
nada
quer
(e se quer não sabe o que!!!)
e
por
isso
seu
rosto
brilha
enlameado
de
cremes
hidratantes
bem
barbeado
ou
bem
maquiada
indo
à
academia
marcando
cirurgia
plástica
enquanto
eu
homem
aos
41
carrego
esse
rosto
envelhecido
maltratado
cheio
de
pelos
sujos
cheio
sabe
de
que?
alegria
melancolia
o
que
você
queria?
não
existe
esse
brilho
em
sua
letargia
isso
não
é
um
insulto
talvez
minhas
estrelas
sejam
 cuspidas
no
seu
gramado
tão
bem
aparado
talvez
você
as
cate
jogue
fora
ou
guarde
no
bolso
não
é
um
insulto
é
somente
um
poema
de
homem
aos
41
enquanto
o
sono
não
vem
e
a
tempestade
não
chega


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