segunda-feira, 27 de junho de 2016

vida na corda bamba

que
a
paz
não
esteja
com
você
eterno
conflito
habite
seu
interior
eterno
grito
diante
de
uma
existência
que
nada
diz
sorria
curtindo
a
cicatriz
como
a
minha
ao
cravar
faca
de
cozinha
no
pulso
esquerdo
foi
um
desatino
valente
poderia
ter sido
fatal
não foi
e
se
fosse?
doce
veneno
da
vida
teria
se
extinguido
esmilinguido
e
contente
desapareceria
sobrevivi
estou
aqui
caso
contrário
tudo
igual
a
foice
um
dia
cortará
o
pescoço
tanto
faz
hoje
ontem
ou
daqui
à
décadas
apenas
o
vento
a
sacudir
o
cabelo
nesse
segundo
é
que
existe
o
resto
é
hipótese
não
caminho
perfeito
inúmeras
estradas
 cintilantes
rasgando
o
peito
não
verdade
gritantes
interpretações
de
um
mundo
que
o
devora
elaboro
o
poema
que
também
me
devora
e
é
bom
ser
triturado
por
dentes
tão
ferozes
alimenta
o
conflito!
mastigo
um
chichlet
de
menta
danço
e
assobio
na
calçada
da
Professor
Cleto
os
seres
pacíficos
tão
calmos
com
sua
doença
murmuram:
"ele é demente
todo
esfarrapado
sujo
despenteado
e
ainda
anda
como
um
epilético"
murmuram mais:
"soube que já foi
para o hospício
cinco vezes
não
reza
e
vive
no
bordel"
e murmuram mais:
"dizem que é
poeta
não acredito
um
poeta
é
ser
delicado
e
limpo!"
lanço
meu
olhar
irônico
à
eles
acendo
um
cigarro
chamo
de
gata
a
garota
que
passa
e
digo:
"senhoras e senhores
que todos os
horrores
gritem
em
seus
ventres
e
deles
surja
um
novo
ser
forte
como
um
corte
no
pulso
esquerdo
não
fraco
como
seus
corpos
tão
bem
vestidos
em
suave
desfile"
me
calo
estive
em
melhores
ruas
em
melhor
companhia
mas
nada
disso
retira
dos
meus
lábios
a
alegria
 

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