sexta-feira, 24 de junho de 2016

recomeço

último
poema
de
bernardes
sereno
como
as
águas
límpidas
do
lago
bernardes
sem
destino
com
garras
de
fera
sem
caça
à
vista
bernardes
decidido
é
o
fim
enrolado
no
pescoço
bernardes
abandonará
a
casa
largado
no
asfalto
fará
poemas
com
o
vermelho
crepúsculo
expulso
do
peito
ao
arranhar
o
solo
não!!!
bernardes
esquecerá
a
lira
como
um
Rimbaud
do
vale
do
Iguaçu
será
mais
poeta
sem
versos
nos
dedos
poesia
por
todo
o
corpo
livre
saltitando
entre
os
cacos
das
garrafas
nos
becos
tristes
que
a
partir
de
hoje
serão
seu
refúgio
adeus
pai
adeus
irmã
adeus
bairro
Cristo Rei
adeus
rua
Inácio Martins
adeus
canários
da
montanha
talvez
adeus
vida
talvez
bem-vindo
à
vida

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