quarta-feira, 15 de junho de 2016

no inverno os mendigos morrem   eu  no aconchego da loucura escrevo

algo
por dentro
devora
é
mais
que
um
chiado
no
peito
é
mais
que
um
frio
na
espinha
é
mais
que
ida
e
volta
à
cozinha
algo
será
a
lembrança
das
pernas
da
vizinha?
será
o
papo
furado
sobre
poesia?
será
a
coceira
que
machuca
o
corpo
todo?
algo
a
falta
de
uma
centelha
de
paixão
naqueles
que
vejo?
a
falta
de
sorriso
nas
fêmeas
que
cortejo?
a
falta
de
assombro
ao
reparar
no
mundo
que
vivo?
algo
a
bisbilhotar
meu
interior
disseca
a
bexiga
e
o
reto
podridão
nos
poros
morte
nos
fios
do
cabelo
algo
é
o
que
preciso
fazer
e
estou
fazendo
escalo
o
Everest
com
uma
lâmina
corto
as
veias
expulso
o
lodo
que
as
habita
fecha
a
boca!
não
grita!
faz
poema
sobre
esse
algo
a
consumir
sua
vida
vomita
baba
cospe
tosse
expulsa
essa
peste
que
o
agita
esse
algo
a
torturar
sua
pele
lhe
rejuvenesce
lhe
fortalece
é
mais
uma
corrida
na
estrada
em
chamas
sua
velha
conhecida
não
se
assuste
é
mais
uma
madrugada
de
ferroada
doída
nos
lábios
roxos
da
estação
algo
sinto
se
distancia
vem
euforia
pega
o
violão
arrebenta
uma
corda
chuta
o
rádio
morde
o
livro
olha
seu
umbigo
olha
o
teto
olha
a
estante
cante
algo
lhe
fará
bem
não
ganhará
com
isso
um
vintém
e
isso
é
bom

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