quinta-feira, 23 de junho de 2016

o amor de Pâmela e Paulo

Pâmela
deslizava
sua
saborosa
língua
sobre
as
margens
do
cartão
bancário
encharcado
de
cocaína
era
a
vez
de
Paulo
afundar
a
narina
direita
na
carreira
do
delicioso
ao
concluir
seu
trabalho
olhou
para
o
sofá
iluminado
pelo
luar
daquela
noite
úmida
de
julho
nada
viu
cadê
Pâmela?
a
descobriu
deitada
com
um
sorriso
convulsivo
nos
lábios
sem
batom
deitada
no
tapete
marrom
felpudo
havia
desmoronado
até
ali
como
um
castelo
após
um
terremoto
Pâmela
e
Paulo
se
conheciam
anos
e
estavam
horas
curtindo
a
eletricidade
dos
seus
sistemas
nervosos
centrais
Paulo
se
inclinou
e
observou
com
pupilas
infinitamente
grandes
uma
baba
amarela
saltando
pelos
cantos
dos
lábios
sem
batom
de
Pâmela
ela
mais
branca
que
a
lua
daquela
noite
tremia
por
inteiro
com
olhos
esbugalhados
de
horror
Paulo
foi
à
cozinha
buscou
água
molhou
os
pulsos
de
Pâmela
e
gritou
seu
nome
ela
se
contorcia
a
língua
caiu
roxa
fora
da
boca
Paulo
pensou
em
telefonar
mas
em
segundos
cessaram
os
rangidos
os
movimentos
a
respiração
tudo
até
a
lua
foi
embora
no
silêncio
escuro
da
sala
Paulo
que
somente
era
amigo
de
Pâmela
de
repente
ao
vê-la
morta
percebeu
sua
delicada
beleza
uma
beleza
que
a
morte
traz
despiu
Pâmela
se
despiu
também
e
deitou
sobre
o
cadáver
e
enfiou
o
pau
na
buceta
morta
mas
ainda
ardente
gostou
daquilo
mirou
os
olhos
abertos
vazios
e
mortos
de
Pâmela
e
começou
a
fodê-la
com
a
ternura
de
um
homem
apaixonado
gozou
com
felicidade
nos
dentes
e
beijos
os
lábios
mortos
e
sem
batom
permaneceu
abraçado
sobre
ela
por
uma
boa
meia
hora
buscou
no
vaso
de
flores
uma
rosa
e
a
depositou
em
cima
dos
seus
seios
mortos
Paulo
não
entendia
o
que
tinha
feito
mas
pensava
foi
meu
último
gesto
de
amor
à
Pâmela
talvez
pouco
correto
talvez
desonesto
quem
sabe
a
melhor
maneira
de
dizer
adeus?
Paulo
se
vestiu
saiu
do
apartamento
de
Pâmela
abocanhou
um
pedaço
do
ar
úmido
daquela
noite
de
julho
e
chorou
diante
da
ausência
de
sua
melhor
amiga

Nenhum comentário:

Postar um comentário