sexta-feira, 3 de junho de 2016

poema para alguém

ficarei
feliz
um dia
se meu verso
for amado
por prostituas
insanas
imersas
em bordéis decadentes
por prisioneiro
instalados
em penitenciárias
imundas
por miseráveis
mergulhados em casebres de
madeira apodrecida
por viciados
presos
na armadilha do costume
com olhos vidrados
e
narinas inquietas
por suicidas
amordaçados na
paranoia do século
na longa espera de um alívio
por fracassados
de olhar triste
pernas trêmulas
braços tímidos
esses
e
outros
derrotados
à margem
do oceanos
que os devora
são meu alvo
mesmo que não os atinja
e
não atinja
ninguém
ou
o
inverso
de
tudo
isso
continuarei
escrevendo
escrever
é 
uma ocupação como
outra qualquer
uns são padeiros
outros empresários
uns são coveiros
outros são professores
eu
escrevo
para mim
é
fácil
extremamente agradável
(se é coisa boa você que julgue!!!)
não tenho
obrigações com a sociedade
sou considerado
inválido
(que beleza!!!)
me fascina
o silêncio
refrescante
do ventilador
a nudez
pálida
das paredes
a harmonia
singela
de uma
canção apaixonada
o andar
incessante das
nervosas baratas
em tudo 
que olho
descubro
poesia
e
atingindo
ou
não
meu alvo
sabe-se lá quem vai ler esse poema
se
é
que
alguém vai ler
eu
trabalho
como
trabalham
agora
nessa
noite
após
trovão
relâmpago
raio
trabalham
as 
gotas
belas
gotas
de
chuva
a
cair
delicadas
sobre o telhado
de
minha
casa

Nenhum comentário:

Postar um comentário