terça-feira, 18 de abril de 2017

no bar do Paulista

o
carro
cinza
passa
e
a
moça
de
vestes
coloridas
passa
nuvens
não
se
movimentam
sob
o
sol
do
verão
"onde
estarei
quando
essa
estação
  findar?"
talvez
trancafiado
naquele
local
chamado
hospício
talvez
adormecido
naquele
local
chamado
casa
"e
como
  estarei?"
talvez
sem
uma
gota
de
gordura
a
invadir
o
corpo
cadavérico
talvez
triste
escutando
BLUES
numa
cadeira
de
balanço
quebrada
talvez
contente
ANDARILHO
entre
as
folhas
pardas
do
mês
vindouro
talvez
ainda
coberto
do
ouro
que
tanto
fascina
àqueles
que
não
o
possuem
que
tanto
desagrada
este
que
vos
escreve
que
rasgo
notas
de
2
reais
que
arremesso
moedas
de
10
centavos
na
calçada
selvagem
na
qual
os
mansos
passeiam
PLANEJANDO
SONHANDO
enquanto
permaneço
próximo
do
meu
endereço
tentando
me
comunicar
com
CÃES
GATOS
GALOS
PÁSSAROS
que
nada
tenho
a
dizer
aos
que
são
chamados
de
HUMANOS
e
o
ano
novo
me
parece
grandiosa
velharia
assim
escrevo
isso
que
dizem
ser
POESIA

aos lobos selvagens

LOBÃO
disse
que
o
riso
escorre
fácil
quando
a
grana
corre
solta
EU
digo
mais:
"O
riso
não
escorre
fácil
quando
o
amargor
do
 alcalóide 
perfura
a
gengiva
O
riso
não
escorre
fácil
quando
a
prostituta
não
é
sua
amiga
(cospe
na
sua
cara
depois
vocifera
idiotices
dignas
de
um
verdadeiro
espancamento
em
sua
face
atormentada)
O
riso
não
 escorre
fácil
quando
alguém
lhe
entrega
conselhos
com
a
boca
imunda
exalando
esgoto
O
riso
não
escorre
fácil
quando
a
chuva
massacra
seu
cabelo
(transformando
em
lama
todo
aquele
pus
que
habitava
seu
ser)
O
riso
às
vezes
escorre
fácil
como
dizia
LOBÃO
quando
moças
meigas
abrem
sorrisos
e
fecham
pernas
na
tentativa
de
preservar
o
segredo
é
LOBÃO
O
riso
escorre
fácil
quando
a
música
se
perpetua
no
tímpano
enjaulado
é
LOBÃO
O
riso
escorre
fácil
quando
um
girassol
AMARELO
VAN GOGH
pisca
e
você
acende
delicadamente
seu
cigarro
com
palito
de
fósforo
banhado
de
sol
holandês
é
LOBÃO
O
riso
escorre
fácil
mas
nem
sempre
e
nem
sempre
quando
a
grana
corre
 solta"