sábado, 11 de junho de 2016

nada sei   sigo escrevendo

é quase seis
logo
o dia
lançará
seu olhar
furioso
amedrontando
a
noite
acordei
não sei
por que
nessa hora estranha
também
não sei
por que
escrevo
talvez
maldita mania
talvez
valentia
em horário deslocado
sei que o
poema surge
não
na mente
na
ponta dos pés
ele se espalha
lentamente
explode
como fogo
entre as pernas de uma virgem
ao vislumbrar homem viril
escrevo
realmente com os pés
apesar de utilizar as mãos
(o que é óbvio!)
é da
essência
que falo
um galo
não canta
com a garganta
canta
enfeitiçado
pelo nascer do sol
canta
com os
olhos
bico
coração
cloaca
é assim
todo canto
o poema
é um canto
e
quando digo
canto com os pés
é porque
sou o galo
na
aurora
canto
com o corpo todo
dessa
forma
se despede
todo enrosco
e
como galo
estufo o peito
e
arremesso
à página
meu hino
total desatino
total brincadeira
de criança
a limpar
o nariz
com a manga
eu não limpo
na verdade
sujo
a cidade
com o esgoto
a sair das
narinas
lembro das
esquinas
da minha vida
escorre um ar
de triunfo
das paredes do quarto
após
esse canto
dançarei
frenético
como um
epilético
sorridente
em homenagem
ao novo
dia
folia
matutina
versos
alegria

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