sexta-feira, 24 de junho de 2016

como nasce o poema

sou
lodoso
campo
de
batalha
estrondoso
assombro
parte
de
mim
parte
de
mim
sucumbe
todo
dia
é
uma
espécie
de
doentia
mania
outra
parte
sobrevive
vive
no
brilho
do
sonho
em
meio
às
fétidas
imagens
delirantes
de
cachorros
putrefatos
no
asfalto
e
crianças
morrendo
nos
verdejantes
campos
acordo
a
parte
sobrevivente
um
tanto
esquálida
um
tanto
carente
toda
contente
enquanto
minha
cabeça
dolorida
entupida
de
vermelhos
e
azuis
dançantes
obriga
pernas
irem
até
à
cozinha
buscar
neosaldina
ao
retornar
ela
implora
poesia
urgente
à
parte
sobrevivente
o
corpo
se
entrega
à
tarefa
exigida
desaparece
fadiga
na
medida
que
verso
após
verso
o
poema
ganha
rosto
pescoço
peito
pernas
pés
e
está
pronto
e
sai
rebolando
pela
casa
ocupa
o
pátio
se
despede
e
parte
para
o
mundo
eu
me
sinto
muito
bem
nada
entendo
como
isso
acontece?
estremece
o
chão
sujo
as
baratas
valentes
do
inverno
fogem
em
correria
um
terremoto
é
o
que
surge
ele
canta
sorria
sorria
!!!!!

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