sábado, 14 de maio de 2016

contradição

infeliz
e
completamente
alegre
indiferente
à vida
ela não é
boa
ou
apenas
é
apesar
da aparente
contradição
por detrás da negra cortina
tudo encontra assento
no sofá do delírio
entre
coloridas paredes
num quarto que
flutua
é possível vislumbrar a
lua
suas montanhas absurdas
sorrir
é possível vislumbrar um
pássaro preto devorando minhocas
chorar
é possível
nem isso
nem aquilo
mesmo assim
restam possibilidades
como a misteriosa melancolia
não é tristeza
nem alegria
é um olhar sobre a humanidade
sombria
no seu caminhar sem sentido
por avenidas sem nome
enquanto mastigo
o atalho
mordendo um chiclet
fumando um Marlboro
encarando
o furioso touro
sem pano vermelho
destemido
como o longo beijo da meretriz
na boca pálida do cidadão
honesto
de resto
continuo
negativo
e
contente
aparente
contradição
entre a dor no
ventre
e o prazer da puta ao
parir
sou essa puta
ferido
nos olhos ressecados
disposto
a compor
versos
a desabar
do precipício
desesperado
com a proximidade da
queda
mas
radiante
com a contagiante
sensação
do
voo
mesmo sendo
ladeira
abaixo
em outra
moldura
não
me
encaixo


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