um poema puro

veio através da janela

essa

garota

fume do meu cigarro

beba do meu vinho

encha de amor

os olhos dessa noite

encha de flores

as mãos dessa noite

não serei negativo

prometo

não falarei que os

olhos do mundo

estão surdos

não falarei que as

mãos do mundo

foram decepadas

esconderei a volúpia

somente

trocaremos palavras simples

e olhares poéticos

não serei cético

prometo

nada da filosofia amarga

daqueles alemães amargos

nem citação

de versos

venenosos   vadios

tristes

garota

vamos observar

o céu negro

dessa noite escandalosamente

alegre de maio

uma carícia nos cabelos

um beijo delicado na face

prometo

eu não acredito em anjos

eu não acredito em nada

mas disse

não seria cético

você veio

através da janela

garota

me senti belo

(o que não acontecia há mais de uma década!)

talvez seja miragem

ou sonho

se for miragem

passo até achar bonito

o deserto do meu quarto

se for sonho

é açucarado e com recheio

de doce de leite

se não for nada disso

tanto faz

acho que você vai voar

de qualquer forma

de volta para casa

(seja ela onde for)

quando chegar a alvorada

mas até lá

prometo

teremos bom vinho

e deliciosos cigarros

uma crescente

ternura surgirá entre

nós

só pra variar

esse poema

será puro

fará cessar

a subida do

lodo

que

invade

meu

pescoço