terça-feira, 24 de maio de 2016

morreu na casca

não mais
conquistar
a fêmea
decidi
(o que iria fazer depois da conquista?)
sem mar
à vista
retorno
ao local de origem
quarto da
solidão perpétua
é que
pensei   pensei
repensei
após inflamar de
fúria uterina
aquela fêmea
menina
de meros vinte anos
o que restaria?
contorcidos corpos
cama
cigarros
conversa
(mas quando converso
já percebi
mastigo o outro
converso comigo mesmo)
o poeta sempre está sozinho
até achei aquela
menina
interessante
porém
somente
despejaria nela
a sujeira
escondida debaixo das
unhas
ela não seria sequer uma
testemunha
a deixaria falar
com sua boca deliciosa
mas
como sempre
falaria demais
como um pregador entorpecido de vinho
todos os meus relacionamentos amorosos
foram catastróficos
como urina esverdeada e quente
de sapos aborrecidos
subindo lentamente
até os
dentes
prefiro comprar o amor
de uma prostitua
com saltos vermelho agulha
não mais
aquela menina
sucumbiria com tanto esperma
naufragando em sua garganta
nada mais
a fazer
cigarros
e
conversa vazia
(como uma bexiga morta!)
não seria
elegante de minha parte
trazê-la
ao meu mundo fétido
ela morreria na flor da idade
segurando
uma
rosa
pálida
nas mãos
ela
tão cálida
não merece
erguer a saia
para
atravessar
meu
inferno


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