sábado, 14 de maio de 2016

um poema dedicado à Tropicália

gostaria de falar
com todos
mas
todos estão na sala de 
jantar
sem
amar
uns aos outros
todos demasiadamente
preocupados
com sua comida
esquecendo
suas próprias vidas
gostaria de comprar 
uma pistola
cuspir uma bala
no sol
que os ilumina
resgatar aquela
atraente menina
demasiadamente preocupada
com sua comida
gostaria de pular
a cerca do quintal
com aquela menina
escapulir noite afora
e
mergulhar mar adentro
gostaria de nadar
com aquela menina
até uma ilha
(lá poderíamos descobrir um rádio de pilha!)
sintonizaríamos numa canção de
Caetano e Gil
(lá poderíamos descobrir um pedaço de pão!
comeríamos
despreocupadamente
gostaria de despir
aquela menina
(sempre gosto de despir minhas mulheres)
e
(lá poderíamos descobrir uma lona de circo!)
montaríamos uma tenda
sob o cheiro da alegria
assim
nus
protegidos do vento frio de maio
um abraço de
braços
pernas
pescoço
lábios
nos fariam bem
ninguém
veria nosso escandaloso amor de maio
depois
desmaio
exaustos
feridos
com
sorriso
nos olhos
(poderíamos descobrir cigarros e fósforos!
gostaria de ver brilhar
os dois cilindros
lindos
queimando entre os dedos
silenciando
nosso fogo
aquela menina
esqueceria
sua deprimente
família
demasiadamente
preocupada
com
sua
comida


Nenhum comentário:

Postar um comentário