quarta-feira, 25 de maio de 2016

dentro

dentro
de
você
como febre depois da chuva
dentro
de
você
é suave
como manhã de domingo
dentro
de
você
parado
lá no fundo
lá no seu útero
olhos nos olhos
há gemidos chegando
mansinho
aos ouvidos
dentro
de
você
com meu corpo
de 103 quilos
pesando sobre sua
frágil carne vermelha
de 61 quilos
dentro
de
você
recomeço o movimento
lento
depois
rápido
depois
lento
tento
(como um matemático)
calcular o tempo máximo
atingir o êxtase profundo
ir eternamente até seus
desejos mais imundos
dentro
de
você
paro
novamente
lá no escuro
lá no último degrau
da escadaria para o seu
libidinoso paraíso
fico
quieto
você
pede mais
geme alto
(como se estivesse num cadafalso)
não me mexo
você arranha
sangue escorre de minha face
eu
permaneço
no mesmo
endereço
dentro
de
você
você
exausta
clamando pelo gozo
suada
nervosa
dominada
com a vagina queimando
arde esta vagina
arde por toda essa rua
até a esquina
arde por toda essa
tarde
dentro
de
você
está próximo o final
em breve lhe enviarei
um cartão postal
recomeço
não meço
as consequências
teço um verso
comprido
de puro sexo
surgem apunhaladas
você
agora calada
mordendo a língua
dentro
de
você
explode um jato de esperma
suas pernas estão erguidas
a saída
é seu orgasmo convulsivo
um sorriso embala seu sonho
sonho de mulher devorada
sonho de mulher que precisa
um pouco de luxúria
em seu abandonado coração
saio
de
você
estendo-lhe à mão
nus
vamos
ver
o
pôr
do
sol

Nenhum comentário:

Postar um comentário