segunda-feira, 23 de maio de 2016

aos que ninguém conhece

os  melhores
seres
permanecem
ocultos
são
calmos
silenciosos
ociosos
os melhores
seres
fodendo
estrelas
nas
sarjetas
dos
séculos
elaboram
no 
máximo
cinco
pensamentos
em 
toda
sua
longa
agradável
discreta
vida
esses
pensamentos
explodirão
nas bocas
dos
budas
cristos
sócrates
rimbauds
nietsches
garcías lorcas
célines
vinícius
bukowskis
genets
e
outros imperadores da palavra
esses
serão
conhecidos
alguns
depois
da morte
mas serão
porém
os melhores
seres
não
somente
lançam
um assobio
colorido
rasgando em fatias
o
universo
aqueles
que 
possuem
delicadas
orelhas
quase
transparentes
de 
tão
belas
(é imprescindível haver vestígios
de tropeços nessas orelhas)
quem as tem
escuta
a
velha cantiga
desconhecida
traduz
esses hieroglíficos
escreve
ou
fala
mas
os melhores
seres
combustível
desse
fogaréu
insano
se retiram
alegres
para suas
cavernas
solitários
e
cheios de
amor
em sua
volta
os melhores
seres
morrem
tranquilos
desconhecidos
(jamais alguém saberá
quem foram esses caras!)
os melhores
seres
fazem parte
do
vento
e
o
vento
se
perde
em
seu
próprio
movimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário