quinta-feira, 12 de maio de 2016

numa bela tarde aconteceu

gosto
agridoce
a palpitar
na língua
gosto
celeste
a triturar
o sangue
paixão
não é escravidão
é vontade
verdadeira liberdade
dar movimento
as mãos
irritadas
de tanto claustro
paixão
traçando 
um plano
de conquista
perplexo
(depois de uma década
no diálogo solitário
com a poesia)
surge essa
ousadia
em meio à tempestade
alcançar refúgio
no olhar daquela
menina
paixão
confesso
mesmo não havendo
nexo
decido
como o mendigo
está
quando
estende a mão suja
e também
como o mendigo
não sei
se emergirão moedas
que seja
um centavo apenas
de amor
que seja
um pedaço de cigarro molhado
de amor
que seja
um gole da garrafa
de um vinho barato
de amor
paixão
gosto
de palavras bonitas
escapando do peito
e bate como martelo
num galope furioso
o que existe no lado
esquerdo dele
gosto
de fogo
dissecando com estilete
a carne do corpo
(ontem quase morto)
paixão
confesso
floresceu
enquanto absorto
admirava os canários amarelos
sobre os fios
de alta tensão
paixão
um
dia
morreu
hoje
outra
apareceu

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