sábado, 14 de maio de 2016

quando se sente sozinho as três da tarde

basta um gesto
as ondas do mar
cessam
basta um gesto
as meninas todas
correm
basta um gesto
as aranhas caem de
suas teias
basta um gesto
os cães esfomeados
uivam
basta um gesto
as prostitutas rodando bolsinha
abandonam as roupas
basta um gesto
os pardais aparecem
mortos
basta um gesto
os poetas concisos do século
engasgam com
seu próprio verso
basta um gesto
o cidadão normal
se joga do décimo
andar
basta um gesto
(meu)
estrondoso manifesto
tudo
se faz
do
jeito
que quero
basta um gesto
(meu)
e
as putas antigas
telefonam
desabam cantigas
nos tímpanos
basta um gesto
(correto
que esse poema
é pretensioso) 
mas não há mensagem
apenas
mensageiros
sem dinheiro
como esse autor
cheio de gestos
embora sobreviva
de restos
fiapos de amor
que você 
deixou
enquanto olhava
a vitrine
corri
juntei os cacos
fiz fogueira
os dedos sentiram
o calor
que você
deixou
basta um gesto
a trago
de volta
não!!!

prefiro
o
vazio
do
fogo 
solitário
de
novo

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