terça-feira, 5 de abril de 2016

tempos de estudante

idos de 94
tecidos 18 quase 19 anos de existência
ciência da engenharia não me seduzia
por ironia a fazia
em minha cidade natal
Joinville
ao vale do perpétuo Iguaçu cheguei aos seis meses de idade
um belo bebê
segundo as fotografias
de sorriso largo
de choro pungente
me diga minha gente
se não fui uma criança feliz?
me diga minha gente
por que em 94 corria
louco de embriaguez por uma meretriz?
naquela cidade sem dentes
a escorrer espuma pelos cantos da boca
naquela cidade
apática e demente?
não havia meninas naquele maldito curso
as poucas que haviam eram estudiosas
( acadêmicas entorpecidas de física e matemáticas)
nós
(acadêmicos entorpecidos de fome e tédio)
nos cercados de substâncias do infinito
álcool   tabaco   maconha  cocaína
e nenhuma menina de Joinville nos dava a mínima chance
é certo que em minha república
surgiram
além da sujeira no chão e nas cortinas
umas putas
umas empregadas domésticas
que não faziam nada
mas nos davam seus rabos
a rebolar por entre a lama que habitava aquelas paredes risonhas
desta maneira
quando nos dirigíamos
ao antro daquela nefasta cidade
procurávamos alguma briga
uma boa briga
com aqueles joinvillenses
nós  em número menor
sem medo
os deixávamos amedrontados
os espancávamos
e também apanhávamos
mas vencíamos devido a nossa loucura
a insanidade conta alto em um combate
a cidade de Joinville era como
um touro a ser abatido
uma cerveja a ser engolida
uma barata a ser surrada
uma torre de fumaça a ser tragada
depois   nos cantos das esquinas
mais escuras que a escuridão morna daquelas noites úmidas
bêbados    chapados   sangrando
mas imaculados
como anjos após uma guerra no topo do céu
comprávamos os corpos das prostituas
mais baratas
entrávamos em corredores
no interior da selva negra
e recebíamos felizes
belas chupadas
em nossos paus exaustos
raiava o dia
e as cadelas se viravam
rebolavam suas bucetas gastas
e nós metíamos
com nossa força angelical
uma cópula abençoada
um urro em direção ao céu que se abria
um gozo vindo do inferno de nossas almas
(se é que tínhamos alma!!!)
enfim a paga
por quem peca
o pecado
por quem paga
nada disso nos importava
apertava-se mais um baseado
e a passos lentos
junto com a cantiga dos pássaros
votávamos para nossa 
aconchegante
deprimente
casa 
assim era antigamente...

Nenhum comentário:

Postar um comentário