quinta-feira, 7 de abril de 2016

o casamento

                                                                                   

ele gostava de ler com seus olhos grandes
ele gostava de compor poemas perversos
repletos de versos sórdidos
ele gostava de fumar uns dez baseados rechonchudos por dia
mas ele era casado
ela gostava de foder o dia inteiro
mesmo com um sol dos demônios
além da noite inteira
(olhando para as estrelas)
e
 sempre
 de pernas abertas
oferecendo sua buceta de lábios vermelhos
como as paredes do inferno
também
 de quatro
convidando ele a enfiar seu pau
naquele rabo grande
tão grande quando os olhos dele
ela fez sua poesia agonizar até a morte
ela era estúpida
como a estátua de um patriota
ela aprendeu com ele a fumar muito da verde erva
era somente isso que restava a ele
que vivia como um resto do que tinha sido
ela também amava chupar o pau
(já cansado)
dele
ela o acordava já com o pau na boca
(cheia de batom cor-de-rosa)
fazia ele gozar um pouco no seu rosto
 esfregando o pau nas suas bochechas de boneca
o restante ela sugava chupando mais e mais
como se ela fosse uma criança diante de um picolé
mas ela não era criança
ela engolia a porra toda
o leitinho matinal dela
depois
   estúpida como era
assistia desenhos animados na TV
ele tentava desesperadamente compor um poema
(mesmo que péssimo)
porém seu ato criativo foi guilhotinado
pois já antes do almoço ela queria
foder novamente
agarrava suas bolas
e
 ele sucumbia ao desejo da carne
isso não poderia durar muito
e
 não durou
ele se cansou daquela chupação
daquela buceta carnívora
daquele rabo enorme
afinal ele era um poeta
o casamento durou apenas dois anos e meio
nos últimos seis meses ela se deu muito mal
ele começou a recusar seu corpo
o pouco amor que os unia se transformou em ódio
um ódio de predador matando a caça
ele a comia cada vez menos
passou a se masturbar à noite
enquanto ela dormia
sem aquele pau que ela idolatrava
enfiado na sua buceta ou rabo ou boca
ela ficou triste
como uma prostituta sem clientes
(mergulhada nas sombras da esquina)
um belo dia
seu ódio por ela explodiu
ele não quebrou a cara dela
quebrou as paredes da casa
foi embora
com uma sensação de liberdade
já que seu pau estava preso a ela
e
 sua poesia precisava
ressuscitar
demorou
mas
ressuscitou
ele publicou um livro
e
 hoje voa com seus versos
solitário
e
feliz

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