terça-feira, 12 de abril de 2016

os camaradas humanos

no interior de prédios agonizantes
apartamentos angustiados
nos interior dos apartamentos angustiados
sob lâmpadas desesperadas
famílias   na calmaria
ah! se um dia
elas enlouquecessem 
não levariam essa vida horrível
calma
em seu nervosismo sufocado
como colinas
sufocadas por neve
as meninas
não mais sentem febre
diante dos meninos
que trafegam nas calçadas abarrotadas
de gente
indiferente
os esbarrões não mais
produzem faíscas
eu bebo   fumo   e   penso
ninguém percebe
suas bocas cheias de formigas vermelhas?
o que há dentro desses mortos-vivos?
minha ex-mulher dizia que eu era muito negativo
será?
(me mandem e-mails com sua resposta)
enquanto isso
me lanço ao colchão velho
observo o teto
vejo insetos
acho que são mais divertidos que a maioria dos humanos
meus camaradas   tão enfadonhos
falando sobre o clima
falando sobre a seleção brasileira
falando sobre os vizinhos
falando sobre mil coisas
e ao mesmo tempo sobre nada!
por que não ficam quietos?
eu   por educação converso por breves minutos
com meus camaradas humanos
me tornei insano
não entendo quem não enlouquece
após breves minutos
que se derretem na minha frente
desapareço do campo de visão
dos meus camaradas humanos
eles riem bastante
mas os acho tristonhos
como a tristeza de uma goiaba
infestada de vermes
é isso!
eles são uma manada de goiabas
amarelas e belas  por fora
agonizantes por dentro
na minha condição 
de poeta
sou o contrário
maltrapilho
por fora
dentro
há uma inquietação de assassino
perseguido por pistolas
mas
lá no fundo
como quem acha ouro no fundo de uma sacola
há uma satisfação
fora da lei
escondido em anônimo esconderijo
você
camarada humano
tão estranho
desejo proximidade
mergulhe em minha boca
e me encontre
estou sempre aqui
24 horas
dias úteis e feriados
pode me usar à vontade 
meus fiapos de vento
poético

P.S
ribabernardes@gmail.com

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