terça-feira, 19 de julho de 2016

de volta à União da Vitória   elaboro um sorriso solitário

alguma
coisa
acontece
no
meu
coração
um
eclipse
rompeu
a
carne
e
o
invadiu
deixando-o
no
escuro
com
medo
com
batidas
raquíticas
resposta
ao
apelo
do
corpo
que
teima
mesmo
com
orelhas
vermelhas
com
pés
gordos
de
inchaço
com
axilas
apodrecidas
 teima
em
permanecer
vivo
ele
deve
achar
bom
viver
concordo
mas
o
coração
padece
chora
em
sua
noite
eterna
na
extremidade
esquerda
do
peito
e
o
que
fazer
a
respeito?
tentei
a
faca
fui
à
Curitiba
retornei
com
o
pensamento
de
entregar
meu
coração
nas
mãos
de
alguém
quem?
se
não
ninguém
com
fogo
suficiente
para
iluminar
a
vida
daquele
que
pula
exausto
dentro
do
peito
não
é
lamento
sorrio
para
a
tela
enquanto
digito
a
desgraça
enquanto
muitos
saem
da
farmácia
com
seus
psicotrópicos
enquanto
muitos
assistem
jornais
sensacionalistas
manchando
a
TV
de
sangue
e
estupefatos
com
toda
aquela
violência
dizem:
"esse mundo está virado!"
e
eu
todo
poeta
todo
cheio
de
versos
e
pretensa
sabedoria
estou
sozinho
num
mundo
de
farmácias
lotadas
e
famílias
ao
redor
da
T V
e
de
que
adianta
toda
essa
poesia
e
conhecimento
se
nesse
momento
isolado
por
paredes
famintas
com
o
coração
dançando
na
treva
e
a
turma
da
farmácia
conversa
sobre
o
lançamento
de
mais
um
anti depressivo
e
a
família
conversa
sobre
o
mundo
virado
eu
desolado
escrevo
para
VOCÊ
faço
de
conta
que
está
aqui
amigo
imaginário
embora
saiba
nada
existe
nesses
arredores
fazer
o
que?
sorrio
novamente
para
a
tela
e
o
coração
grita
no
escuro
eu
bebo
um
gole
da
cerveja
e
arroto
embaixo
da
lâmpada
enfraquecida
 
 

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