terça-feira, 12 de julho de 2016

a nova canção

                                                                         a   Patrícia Czesluniak
       
  arrebenta
o
coração
em
300
partes
e
canta
o
que
estava
adormecido
é
hora
de
fatiar
o
galo
matar
o
despertador
calar
o
apito
da
fábrica
feriados
por
todos
os
lados
todos
trafegando
a
esmo
na
perplexidade
do
raio
solar
na
notícia
despejada
pela
nuvem
é
hora
de
congelar
o
passo
beijar
a
boca
da
fêmea
paralisada
é
hora
de
brincar
com
o
cidadão
estagnado
que
o
coração
arrebentou
suas
quatro
válvulas
caíram
no
chão
sujaram
de
sangue
as
flores
e
os
seres
cantam
embriagados
de
perfume
(até que enfim um pouco de alegria!)
as
fêmeas
na
pausa
do
momento
ainda
lançam
olhares
à
cidade
descortinada
rebolam
mesmo
com
os
pezinhos
cravados
na
calçada
parece
estranho
mas
é
o
melhor
a
se
fazer
as
pessoas
parecem
poesia
finalmente
sem
movimento
apenas
o
piscar
dos
olhos
o
prelúdio
de
um
sorriso
todos
estacionados
não
onde
ir
nem
o
que
fazer
puro
ócio
resta
a
festa
nisso
consiste
tudo
está
liquidado
tudo
desaba
delicadamente
e
os
seres
em
pleno
estado
de
poesia
exuberante
assustados
com
a
inércia
cantando
como
aves
até
os
machos
avançam
os
quadris
com
ameaçadora
libido
em
frente
às
fêmeas
rebolantes
aprendida
a
lição
da
paralisia
a
lição
do
ócio
esquecerão
seus
ofícios
lembrarão
do
principal
compromisso
prazeirosa
VIDA
serão
enroscados
por
doces
afagos
sem
pensar
em
comida
ou
teto
as
pessoas
finalmente
farão
poemas
sobre
a
poesia
que
descobriram
que
são
nada
mais
daquela
letargia
de
seu
cotidiano
mesquinho
e
será
nova
poesia
diferente
dessa
(fruto de atrevida agonia!!!!)
serão
versos
típicos
de
quem
caminha
solitário
no
deserto
e
então
descobre
alguém
por
perto
dois
torturados
pelo
sol
abrasivo
é
cena
mais
agradável
de
se
ver
do
que
um
abatido
por
mundo
corrosivo
arrebenta
arrebenta
seu
coração
e
canta
algo
novo
ESQUEÇA
a
velha
canção
 

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