segunda-feira, 28 de março de 2016

poema

preciso do poema
afogar ansiedade
da calamidade
que me rói por
dentro
preciso do poema
da precisão do poema
como um cão
precisa do osso
a roer enlouquecido
permanece distraído
preciso do poema
ele também me distrai
sai a poeira negra
de meus olhos
passo a olhar
mais sorridente
calmo
nobre
olho o solitário
vento da tarde
vejo calmaria
já não estou tão só
preciso do poema
da voz forte
de meu pai
da lágrima a descer
até o canto da boca
formando um braço de mar
água salgada
cristalina
me afundo
me ergo
fascinado
me sinto feliz
depois de chorar
de alagar as
cicatrizes do meu rosto
preciso do poema
acariciar a mão
de minha pequena
nem que seja apenas sonho
nem que seja apenas imaginação
de um ladrão
que nunca
conseguiu
roubar
nada

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