ninguém visualiza meu blog!
a cachoeira que sou
derramando versos
manuscritos em cima de um colchão velho
(trôpego de tanto olhar nuvens
sigo caminho derradeiro)
até aquele teclado
dessa máquina chamada computador
digito com horror injetado nos olhos
digito para o mundo
os poemas que ninguém visualiza
não faz mal
sempre vesti a camisa dos naufragados
continuo
digito insisto sem esperança
como criança a brincar sem saber que brinca
digito com a pureza dos santos bêbados
é um verdadeiro espancamento nestas teclas inúteis
inútil também é a poesia
inútil também a paixão do homem
inutilidade é o nosso refrão
como essa cidade
como essa cidade
como todas as cidades
cidade de moribundos
apertados entre paredes enfermas de casas mortas
eu sempre saio da lan house
com a certeza
nada importa
deixe que o mundo me desconheça
já tenho bastante enxaqueca
devido ao brilho assassino do sol
devido ao perpétuo vazio
que me faz lembrar do meu colchão velho e macio
para lá vou voltar
mendigar gotas de iluminação
para o próximo verso
da minha cabeça somente versos
é tudo tão sem sentido
é tudo tão confuso
mas não há nada mais a fazer
vejo as pessoas cavalgando a calçada
perdidas com seus pequenos planos
vejo os cachorros abandonados
e parece que ninguém mais vê
todos perdidos em suas pequenas individualidades
e todos os cachorros na calamidade
parecem flores pisoteadas
quando chego ao ponto de ônibus
sou um cacto no meio do deserto
de adolescentes doidos
me sinto um idoso corcunda do século passado
ao meu lado desfilam as adolescentezinhas
de cabelo roxo azul vermelho
com piercing no nariz
tatuagem exibida no pescoço braços mãos costas
e celulares à mão ao alcance dos dedos
com seus fones de ouvido agarrados às orelhas
é estou estupidamente velho
escrevendo poemas para ninguém
e as adolescentezinhas são todas sensuais
cheias de maquiagem e rebolando o rabo
onde estou?
que faço?
será que devo cometer um estupro coletivo
ir deitar meu cansaço na prisão?
ou faço outro poema
me recolho ( como esse sol )
para a escuridão?
ou compro uma arma e
estouro os miolos?
ou me embriago de dor
até que todos eu esqueça?
ou nada disso?
espero sua resposta leitor
afinal temos um compromisso
mas você é tão omisso!
Continue a digitar sem esperança, mas alimente o sonho.
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