quinta-feira, 20 de outubro de 2016

VIDA

certos
dias
essa
palavra
que
ninguém
até
hoje
soube
definir
VIDA
me
enfia
um
fuzil
no
rabo
certos
dias
ela
me
acaricia
com
mãos
dignas
da
prostituta
mais
meiga
dias
sim
dias
não
sobrevivo
deixando
vestígio
imperceptível
aos
camaradas
que
passam
me
cumprimentam
cospem
suas
gentilezas
na
face
perplexa
e
querem
que
eu
diga
algo
inteligente
mais
perplexo
fico
invento
histórias
desconexas
e
saio
de
cena
com
despedida
falsa
tapinhas
nas
costas
ou
beijinhos
no
rosto
uma
atuação
grandiosa
pois
não
carrego
no
corpo
fama
de
mentiroso
eles
ACREDITAM
em
mim
que piada!
e
o
que
faz
a
chamada
VIDA
ter
um
sabor
ora
dolorido
ora
colorido?
ultimamente
recuso
qualquer
pensamento
que
invada
os
pés
 ele
retorna
queimando
calcanhares
e
deixo
que
me
torture
uma
hora
ou
outra
ele
cansa
e
morre
lentamente
desliza
sobre
a
pele
e
abandonado
permanece
apodrecendo
no
chão
é
maneira
que
encontrei
de
driblar
esse
adversário
é
difícil
às
vezes
demora
minutos
às
vezes
horas
mas
que
morre
morre
mas
certos
dias
o
rabo
continua
sendo
alvo
de
flechadas
certos
dias
o
cabelo
recebe
toque
suave
do
vento
é
instabilidade
que
aprecio
por que?
NÃO SEI!
ela
se
apresenta
comumente
num
mesmo
dia
com
subidas
ao
cume
da
montanha
mais
alta
e
descidas
às
fendas
mais
abissais
do
oceano
nada
pacífico
 é
meu
caminhar
um
passo
à
frente
outro
pra
trás
e
meia
dúzia
para
cada
lado
sempre
o
curso
do
meu
rio
desagua
aqui
nesse
mar
de
palavras
a
chamada
VIDA
vai
e
senão
vai
vem
não
um
pingo
de
coragem
nisso
apenas
desespero
se
deitado
no
colchão
contando
as
rachaduras
do
teto
me
incomodo
se
mergulho
nas
ruas
os
camaradas
me
cercam
enceno
minha
farsa
me
incomodo
então
volto
ao
colchão
escrevo
me
masturbo
por
horas
e
durmo
por
muito
muito
pouco
tempo
  

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