terça-feira, 18 de outubro de 2016

o encontro

procurando
e
procurando
e
procurando
por
vestígios
de
batom
na
pele
das
calçadas
por
onde
elas
passavam
nada
de
Bianca
nem
daquela
loira
religiosa
tão
sedutora
com
seus
saborosos
olhos
verdes
e
pergunto
às
poucas
prostituas
teimosas
que
ainda
rodam
suas
bolsinhas
aqui
no
vale
onde
estará
Bianca
nenhuma
delas
sabe
e
pergunto
às
moças
do
grupo
de
oração
se
alguma
delas
sabe
onde
mora
aquela
cristã
de
longos
cabelos
acho
que
sabem
mas
não
querem
informar
o
endereço
da
jovem
inocente
a
uma
pessoa
de
barba
grande
cabelo
sujo
roupa
rasgada
apesar
dessa
decepção
diária
uma
noite
dessas
em
que
cambaleante
adentrei
o
ônibus
e
mais
cambaleante
ainda
desmoronei
no
último
assento
apareceu
uma
garota
carregando
um
bebê
de
cabelo
amarelo
e
eu
que
admirava
entorpecido
a
escuridão
da
avenida
me
desviei
dela
pois
a
garota
quase
desabou
seu
imenso
corpo
em cima
da
minha
frágil
existência
assim
ela
mergulhou
sua
abundante
carne
no
assento
ao
meu
lado
e
percebi
que
me
olhava
e
quando
olhava
para
seus
adocicados
olhos
ela
mirava
o
vazio
eu
retornava
à
escuridão
do
mundo
e
percebia
que
ela
retornava
seu
olhar
para
a
decadência
que
derretia
ao
seu
lado
até
que
comentou
algo
sobre
o
calor
de
outubro
e
iniciamos
uma
conversa
que
não
recordo
uma
vírgula
mas
guardei
na
memória
a
expressão
de
abandono
no
seu
sorriso
a
expressão
de
piedade
quando
eu
comuniquei
à
ela
meu
desespero
e
fixado
no
meu
coração
moribundo
sobrevive
aos
gritos
seu
nome
LUCIANA
não
sei
se
a
verei
novamente
mas
sei
que
desde
então
abandonei
a
caçada
por
Bianca
e
por
aquela
moça
católica
pois
encontrei
alguém
que
fez
casa
nos
meus
braços
exaustos
se
farei
casa
nos
dela
não
sei
 


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