sábado, 15 de outubro de 2016

saudade do descanso

preguiçoso
sempre
no
anoitecer
na
alvorada
às
três da manhã
em cima
de
uma
fêmea
embaixo
da
cama
na
sessão
da
tarde
na
sessão
de
gala
no
domingo
maior
preguiçoso
sempre
preguiçoso
escrevendo
poemas
e
bocejando
ao
engolir
a
fumaça
do
tabaco
e
espantando
pernilongos
entre
um
verso
e
outro
e
lembrando
das
pernas
moças
de
alguma
puta
que
conheci
no
tapete
de
algum
apartamento
tedioso
e
sacudindo
a
dor
nas
costas
com
movimentos
de
contorcionista
desengonçado
ou
preguiçoso
diante
de
tanta
preguiça
a
sangrar
a
carne
no
embalo
da
rede
num
dia
de
verão
mergulhado
num
copo
d'água
ou
preguiçoso
por
estar
nesse
mundo
em
que
se
precisa
fazer
algo
o
tempo
inteiro
de
janeiro
a
janeiro
e
mesmo
em
fevereiro
o
carnaval
nada
mais
é
que
outro
fazer
outra
ordem
a
ser
cumprida
vadiagem
com
data
de
início
e
validade
meu
próprio
sossego
é
tarefa
árdua
que
fadiga
o
corpo
alimenta
a
traça
que
vasculha
as
entranhas
curiosa
no
seu
roer
incessante
me
transforma
na
ruína
que
sou
um
preguiçoso
atarefado
em
seu
cotidiano
de
perambular
por
que
não
consegue
acalmar
a
preguiça
amarga
que
não
traz
sossego
ao
café
que
bebe
nunca
foi
doce
esse
café
mas
agora
me
parece
uma
dose
de
desassossego
sonoro
nesse
enraivecido
mundo
em
que
vivo
sempre
com
uma
preguiça
digna
de
uma
prostituta
após
sua
noite
de
trabalho
contemplando
 o
vadio
nascer
do
sol
com
a
boca
lambuzada
de
esperma
e
batom
além
de
um
sorriso
bobo
estampado
no
rosto
assim
me
sinto
gasto
pelo
tempo
usado
pela
multidão
e
com
uma
gigantesca
vontade
de
NADA

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