quinta-feira, 20 de outubro de 2016

o sabor do avesso

se
tudo
vai
bem
bom
se
tudo
vai
mal
melhor
e
o
grito
da
noite
entorpecida
de
sono
me
acorda
lembro
das
cordas
a
sufocar
a
garganta 
entristecida
nos
hospícios
da
vida
lembro
dos
raivosos
dias
em
que
suplicava
cigarros
aos
estranhos
da
tarde
fétida
de
Curitiba
e
se
tudo
naquela
era
da
tragédia
ambulante
era
o
pior
agora
percebo
a
riqueza
dos
pedaços
de
sangue
morto
a
habitar
os
bolsos
furados
e
se
tudo
hoje
vai
bem
espero
que
essa
coisa
chamada
existência
me
conduza
ao
lodo
para
que
seu
gosto
penetre
a
língua
invada
o
estômago
assim
vomitarei
o
desgosto
descansarei
soberano
nas
nuvens
pálidas
e
ávidas
por
desespero
novamente
estarão
afiadas
minhas
garras


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