sábado, 13 de agosto de 2016

eternamente enquanto vivo

sempre
foi
difícil
depois
dos
18
tornou-se
mais
difícil
aos
22
inventei
um
poeta
e
tudo
tornou-se
mais
difícil
ainda!!!
vasculhava
gavetas
salas de aula
bordéis
casas noturnas
até
igrejas
escutaram
meu
grito!!!
certa vez
estava
numa
festa
em
residência
de
amigo
o
pai
dele
me
pediu
para
buscar
gelo
no
bar
da
esquina
de
tão
embriagado
ao
voltar
entrei
na
residência
vizinha
e
havia
uma
festa
também
ali!!!
não
notei
a
diferença
os
caras
do
local
sim
eles
devem
ter
pensado
quem
será
aquele
cabeludo?
com
joelho
e
cotovelo
sangrando
(caí e nem sabia!!!)
com
um
prato
de
isopor
no
qual
boiavam
2
cubos
de
gelo
e
1
folha
de
limoeiro
perguntei
enfurecido:
"cadê o Fábio?"
um
deles
respondeu:
"do outro lado do muro!!!"
saí
dali
e
a
mãe
de
Fábio
me
ofereceu
um
banho
quente
e
o
pai
dele
permaneceu
boquiaberto
mirando
o
prato
de
isopor
e
a
turma
toda
gargalhava
esse
é
apenas
um
episódio
que
retrata
meu
nível
de
deslocamento
remando
no
barco
olhando
a
bússola
o
sol
buscando
um
ponto
de
orientação
e
no
fundo
do
barco
sempre
existiu
uma
rachadura
sempre
afundando
sempre
foi
difícil
e
hoje
aos
41
penso
que
estanquei
a
infiltração
estancou
nada
bernardes!!!
sua
poesia
demonstra
que
suas
chances
estão
cada
vez
menores
bernardes
você
reparou
agora
pouco
naquelas
pessoas
no
interior
do
ônibus
amarelo?
todas
agarradas
em
seus
celulares
todas
exaustas
em
suas
roupas
pouco
coloridas
o
barco
delas
continua
não
sendo
o
seu!!!
o
delas
é
seguro
e
você
bernardes
não
aprecia
segurança
você
aprecia
dançar
enquanto
se
afoga
não
se
engane
tudo
continua
difícil
a
única
diferença
é
que
hoje
você
está
sorrindo
com
corda
machucando
pescoço
esperando
tranquilo
o
cadafalso
abrir-se
sempre
será
difícil
bernardes
não
se
iluda

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