sexta-feira, 5 de agosto de 2016

os dois

a
garoa
da
manhã
lambia
nossos
cabelos
os
meus
negros
os
dele
brancos
e
sentado
no
banco
de
madeira
eu
fumava
ele
descascava
sementes
de
girassol
e
dizia:
"é complicado"
eu
não dizia
pensava:
"é fácil"
e
incrivelmente
até
diria
finalmente
se
estabelicia
eloquente
harmonia
conversávamos
alegremente
sobre
coisas
que
nos
queimavvam
mas
as
chamas
não
se
tornavavam
melancólicas
cinzas
elas
cresciam
e
miraculosamente
não
mais
queimavam
simplesmente
aqueciam
a
manhã
fria
aqueciam
a
barba
daqueles
dois
homens
tão
próximos
e
tantas
vezes
tão
distantes
e
a
manhã
morria
e
nós
parecíamos
simples
seres
vencendo
distraídos
os
milhões
de
quilômetros
que
realmente
nos
separam
e
almoçamos
tagarelando
e
nos
largamos
no
sofá
vendo
TV
tagarelando
até
o
cansaço
esmagar
nossas
línguas
radiante
sereno
aquecido
esquecido
de
tudo
que
me
atormenta
vim
para
o
quarto
escrever
meu
poema
e
ele
com
seus
admiráveis
cabelos
brancos
permaneceu
deitado
no
sofá
e
acho
que
se
sentia
bem
como um
pintassilgo
cantarolando
e
eram
quase
3
e
minha
cabeça
doía
e
ele
me
disse
que
a
dele
estava
sendo
fisgada
nas
têmporas
como
um
peixe
na
boca
do
anzol
e
nada
de
sol
mas
eu
sinto
calor
na
tarde
fria
nesse
momento
em
que
escrevo
e
me
delicio
imaginando
aquele
homem
de
belos
cabelos
brancos
sorrindo
por
dentro
ele
deve
estar
pois
estou
aquele
homem
era
finalmente
meu
pai
num
emocionante
dia
de
agosto
e
recordo
de
seu
rosto
e
escorre
uma
lágrima
no
papel
isso
é
o
que
eu
chamo
de
estar
no
céu
 
 


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