terça-feira, 9 de agosto de 2016

vivendo com meu velhos amigos neo-hippies

morei
numa
 minúscula
casa
de
madeira
de
um
azul
desbotado
com
dois
velhos
amigos
da
erva
e
era
um
tal
de
fechar
baseados
e
virar
discos
de
rock
na
velha
vitrola
o
dia
inteiro
chovia
muito
aroma
de
perfume
apodrecido
circulava
entre
paredes
apodrecidas
eu
espancava
a
tecla
da
Olivetti
portátil
lia
os
contos
de
Bukowski
com
olhos
injetados
de
sangue
e
fascínio
me
embriagava
solitário
noite
adentro
os
maconheiros
são
muito
gregários
fumam
juntos
comem
juntos
dormem
na
mesma
hora
acordam
na
mesma
hora
não
discutem
concordam
entorpecidos
com
tudo
que
qualquer
outro
idiota
chapado
diga
quando
se
embriagam
se
embriagam
juntos
e
aumentam
ao
máximo
o
volume
da
vitrola
sempre
juntos
não
saem
de
casa
sozinhos
não
tocam
violão
sozinhos
de
se
ter
sempre
alguém
para
ouvi-los
pelo
menos
para
segurar
seu
baseado
eles
tocam
e
depois
conversam
os
maconheiros
AMAM
uma
conversa
mas
como
disse
sem
discordância
um
conversa
amolecida
um
colorido
bate-papo
furado
geralmente
sobre
os
encantos
da
natureza
ou
sobre
seus
ideais
pacifistas
reclamando
da
MÍDIA
que
os
maltrata
não
tocando
na
rádio
o
antigo
rock
culpando-a
por
ninguém
ir
aos
shows
de
sua
banda
culpando-a
por
recusar
os
cabeludos
e
consequentemente
culpando-a
por
não
foderem
anos!!!
(sequer uma fêmea
feia e gorda
tarada por
Pink Floyd!!!)
assim
o
que
me
restava?
insultar
a
noite
e
suas
estrelas
lua
e
árvores
(prateadas por seu brilho)
enfim
aquele
universo
idolatrado
pelos
meus
amigos
neo-hippies
e
me
embriagar
(sozinho!!!)
após
a
meia-noite
bebendo
uns
3
litros
de
vinho
barato
fumando
meu
festivo
Marlboro
(coisa que eles não faziam
um bom hippie
tem o DEVER de considerar
tabaco coisa de careta!!!)
e
quando
amanhecia
eles
escancaravam
as
pálpebras
maconheiras
que
um
bom
maconheiro
tem o DEVER de amar
o
nascer
e
o
pôr
do
sol
não
nego
passei
por
essa
fase
porém
naqueles
dias
a
alvorada
e
seus
pássaros
irritantes
me
enchiam
de
tédio
ébrio
de
poesia
fechava
as
janelas
esvaziava
minha
fúria
(coisa que eles não possuíam!!!)
naquela
máquina
de
escrever
martelava
o
poema
o
majestoso
poema
a
escapar
de
minhas
entranhas
estava
surgindo
finalmente!!!
(junto com o sol)
até
que
um
dos
meus
velhos
amigos
ligava
a
vitrola
despejando
a
voz
de
Jim Morrison
declamando
que
"não haveria perdão para aqueles
que desperdiçassem o amanhecer"
tudo
desmoronava
meu
poema
morria
e
o
que
fazia?
abandonava
a
casinha
em
teimosia
alegre
cantarolando
meus
versos
procurando
uma
boa
puta
às
6
da
manhã
de
preferência
uma
negra
rabuda
que
gostasse
de
pagode
e
sambasse
em
cima
do
meu
pau



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