sábado, 27 de agosto de 2016

fuga para o sossego

a
polícia
foi
chamada
com
passos
velozes
e
olhar
insano
me
despedi
da
casa
continuei
com
passos
velozes
até
a
esquina
parei
retornei
voltei
com
pesada
marreta
colada
à
mão
direita
novamente
na
esquina
"que faço?"
lembrei
de
uma
ruela
esqueci
da
chuva
da
noite
anterior
mergulhei
o
par
de
Havaianas
na
lama
da
ruela
(buscava esconderijo na mata!!!)
não
sabia
que
entre
as
pernas
doloridas
e
a
vegetação
viçosa
havia
uma
vala
repleta
do
esgoto
mais
fétido
não
havia
a
possibilidade
do
salto
decidi
avançar
mesmo
não
sabendo
a
profundidade
do
oceano
de
MERDA
adentrei
na
correnteza
podre
e
à
medida
que
caminhava
o
líquido
acinzentado 
se
aproximava
do
pescoço
intoxicando
narinas
senti
(para minha alegria)
estava
me
aproximando
do
barranco
escutei
algo
vi
2
menininhas
entoando
uma
cantiga
infantil
e
elas
me
viram
também
se
calaram
diante
da
cena
inusitada
segui
a
jornada
o
barranco
era
alto
agarrei
com
mãos
nervosas
uma
raiz
a
se
esparramar
para
dentro
da
vala
com
muito
custo
escalei
o
maldito
barranco
mas
o
chão
daquele
oceano
cinza
era
lodo
puro
e
as
Havaianas
ficaram
grudadas
abandonadas
no
fundo
do
mar
de
MERDA
descalço
me
ergui
e
contemplei
a
mata
passarada
enfurecida
gritava
naquela
tarde
de
setembro
com
sol
ardido
batendo
na
pele
insana
e
fiz
a
travessia
com
o
maço
de
cigarros
e
isqueiro
presos
na
mão
esquerda
erguida
para
o
céu
assim
deitei
sobre
um
colchão
de
folhas
entre
árvores
sussurrando
coisas
estranhas
nas
orelhas
larguei
a
marreta
acendi
um
cigarro
e
fiquei
ouvindo
enfim
sossegado
as
sirenes
vermelhas
chegando
e
ficaram
ligadas
por
uma
meia
hora
ouvi
os
guardas
perguntando
aos
vizinhos:
"cadê o louco?"
eles
nada
disseram
sorri
embriagado
de
satisfação
percebi
o
cigarro
queimar
os
dedos
acendi
outro
e
depois
dormi
sossegado


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