quarta-feira, 28 de setembro de 2016

ave urbana

o
pombo
aterrisou
em
frente
aos
meus
pés
descalços
doentes
dormentes
frios
acho
que
ele
piscou
para
mim
sorri
e
acho
que
ele
piscou
novamente
se
aproximou
ainda
mais
abaixou
a
cabeça
e
começou
a
catar
suas
migalhas
reparei
o
quanntto
estava
sujo
depenado
com
unhas
faltando
permaneceu
bicando
a
terra
e
subitamente
me
encarou
alçou
voo
um
voo
desajeitado
mas
que
o
levou
até
o
topo
de
um
edifício
decadente
acompanhei
seu
trajeto
e
percebi
uma
alegria
em
sua
pose
indiscresta
em
cima
aqui
embaixo
abaixei
a
cabeça
vi
a
terra
remexida
vi
suas
pegadas
tatuadas
naquele
chão
por
onde
tantos
pisam
e
me
levantei
do
banco
em
que
naufragava
sonolento
desejando
ser
um
pombo
mas
como
chegar
até
as
nuvens
se
o
corpo
está
acorrentado
nos
corpos
sinuosos
das
mulheres
que
persigo
obscesivo
nessa
calamidade
chamada
cidade?

Nenhum comentário:

Postar um comentário