sexta-feira, 9 de setembro de 2016

ele era um poeta    ela era o local onde escrevia

Pedro
uma
catástrofe
em
forma
de
ser
vivo
sempre
aos
tropeços
esbarrando
em
toda
esquina
andava
atordoado
pra
e
pra
um
vaivém
de
barata
encharcada
de
inseticida
e
 nada
orientava
a
tragicomédia
em
que
estava
afundado
gostava
de
ler
gibi
mas
não
entendia
por que
o
herói
tão
insípido
triunfava
sobre
o
bandido
tão
fascinante
gostava
de
ouvir
punk rock
não
entendia
por que
seus
ídolos
morriam
jovens
eterna
confusão
chacoalhava
seus
ossos
com
o
tempo
percebeu
seu
pertencimento
ao
clube
dos
perdedores
e
num
esbarrão
embriagado
em
noite
festiva
conheceu
Maria
conheceu
o
sexo
suculento
entre
as
pernas
da
garota
não
queria
nenhuma
outra
atividade
lançou-se
no
vertiginoso
universo
do
entrelaçar
de
pernas
e
gostou
chega
de
gibi
ou
punk rock
a
buceta
de
Maria
conquistou
todo
seu
corpo
não
havia
mais
confusão
entendia
tudo
ao
saborear
a
boca
peitos
pernas
até
as
orelhas
e
os
pés
de
Maria
ele
degustava
e
ela
pouco
dizia
parecia
que
para
ela
tanto
fazia
Pedro
ou
Roberto
ou
João
ou
Augusto
qualquer
um
lhe
serviria
mas
como
Pedro
imerso
na
paixão
doentia
não
desgrudava
de
sua
buceta
Maria
aceitou
aquela
monogamia
sem
perceber
a
insanidade
crescente
de
Pedro
seu
pau
esfolado
sangrava
e
ardia
até
foi
ao
médico
que
disse:
"se continuar assim esse
troço desaba!!!"
ele
não
quis
saber
pois
apenas
ali
entre
as
coxas
morenas
de
Maria
habitava
a
tranquilidade
desejada
essa
história
de
paixão
não
termina
bem
Maria
com
as
paredes
da
buceta
totalmente
em
ruínas
foge
na
noite
veloz
deixando
o
fogo
de
Pedro
solitário
prestes
a
virar
cinzas
furioso
a
persegue
e
após
semanas
a
encontra
largada
numa
calçada
cheirando
a
urina
fumando
crack
sorrindo
de
boca
aberta
com
seu
vestido
de
domingo
aos
farrapos
Pedro
tenta
convencê-la
a
reatar
o
romance
dizendo:
"é só dentro de você
que me acalmo!!!"
ela
despreza
sua
fala
acende
o
cachimbo
e
mira
o
pôr do sol
Pedro
mais
furioso
ainda
avança
sobre
a
garota
espancando-a
com
a
violência
de
um
pelotão
de
100
homens
sua
paixão
tornou-se
santificado
ódio
pois
ele
persiste
no
espancamento
até
verificar
a
morte
nos
olhos
de
Maria
e
parte
confuso
novamente
atordoado
novamente
pra
e
pra
enfim
chega
na
fronteira
do
mundo
um
abismo
de
fundo
negro
e
Pedro
prossegue
com
seu
passo
destemido
desaparece
na
negritude
do
vale
infinito
enquanto
os
urubus
ao
sentir
o
cheiro
da
desgraça
passeiam
em
círculos
sobre
o
corpo
sem
vida
entoando
canções
apaixonadas
eles
cantam
alegres
esperando
a
existência
de
Pedro
virar
carniça

Nenhum comentário:

Postar um comentário