terça-feira, 27 de setembro de 2016

desço e me esqueço

sinto
meu
apocalipse
se
aproximando
talvez
seja
apenas
ilusão
mas
sinto
minha
corrente
sanguínea
indecisa
minhas
pálpebras
indecisas
meu
pau
indeciso
sinto
meu
corpo
deitado
sobre
um
fio
de
arame
coceira
selvagem
na
pele
branca
uma
vasta
queda
me
esperando
e
se
arranhar
a
pele
posso
desabar
se
não
arranhar
enlouqueço
sob
o
sol
irritado
de
setembro
e
giro
a
cabeça
espio
o
mundo
é
meio-dia
 e
 cinquenta 
uma
loira
de
calça
preta
abandona
o
restaurante
um
casal
de
face
aborrecida
abandona
outro
restaurante
as
ruas
vão
se
enchendo
de
gente
lentamente
elas
também
lentas
com
seus
montes
de
comida
boiando
no
estômago
as
ruas
vão
se
enchendo
de
carros
mal humorados
gritando
silenciosos
uns
para
os
outros
que
                                                                              estão
                                                                           cansados
                                                                                de
                                                                            receber
ordens
e
os
catadores
de
papel
parecem
ser
os
únicos
que
estão
alegres
bebendo
cachaça
no
gargalo
gargalhando
andando
dispostos
mesmo
com
o
sol
tornando
suas
peles
mais
escuras
ainda
e
eu
giro
o
pescoço
miro
o
azul
feroz
do
céu
e
concluo
que
vou
descer
e
furtar
um
litro
de
bom
destilado
oferecer
aos
catadores
me
juntar
a
eles
na
embriaguez
negra
irei
esperar
meu
apocalipse
talvez
demore
talvez
não

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