quarta-feira, 7 de setembro de 2016

uma  cagada  tranquilizante

escritor
se
arrasta
deixando
rastro
de
tristeza
nas
pedras
em
que
pisa
andar
de
homem
esgotado
trancafiado
no
mundo
que
ele
mesmo
inventou
e
almoçou
num
restaurante
decadente
repleto
de
moscas
bicheiras
e
casais
que
pareiam
aborrrecidos
diante
de
seus
copos
de
cerveja
vagando
à
esmo
surgiu
contorcionismo
nas
tripas
procurou
um
banheiro
não
encontrou
que
era
dia
7
de
setembro
fúnebre
feriado
ruas
desertas
lojas
fechadas
a
poeira
açoitando
os
olhos
contorcionismo
crescia
passos
velozes
desesperados
o
sol
espancava
a
face
contraída
e
o
escritor
mirava
as
nuvens
e
percebia
sua
indiferença
pálida
ao
verificar
o
tormento
do
homem
prendendo
a
MERDA
prestes
a
explodir
até
que
avistou
a
rodoviária
entrou
correndo
num
banheiro
imundo
sentou
faceiro
na
privada
despejou
contente
aquilo
que
se
contorcia
nos
seus
velhos
intestinos
doentes
e
permanceu
por
boa
meia hora
lugar
agradável
aquele
com
seu
odor
repugnante
com
dezenas
de
frases
obsenas
escritas
na
porta
sentiu
naquele
cubículo
uma
solidão
que
ele
tanto
conhecia
mas
naquele
local
a
sensação
não
sufocava
o
corpo
gasto
entregava
algo
nos
braços
marcados
por
cicatrizes
esse
algo
ele
não
entendeu
o
que
seria
mas
era
bom
uma
dose
de
morfina
na
veia
inquieta
e
sentiu
o
sangue
cavalgar
delicado
entorpecido
  permaneceu
sentado
com
a
MERDA
boiando
embaixo
dele
até
que
uma
voz
embriagada
invadiu
o
banheiro
todo
o
encanto
foi
dilacerado
e
o
escritor
saiu
contrangido
enquanto
o
bêbado
olhava
seu
andar
novamente
triste
que
se
dirigiu
à
calçada
das
pedras
brancas
e
negras
se
arrastando
com
uma
saudade
imensa
daquele
banheiro
imundo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário