sábado, 10 de setembro de 2016

se soubesse   não faria

não sei
escever
poemas
mas
escrevo
a
imensa
maioria
de
escritores
que
li
sabia
nisso
consiste
sua
fraude
escreviam
tão
bem
tão
bem
que
dormia
na
metade
de
seus
livros
uma
corja
bolorenta
enfurnada
em
seus
quartinhos
limpos
enquanto
suas
carnes
apodreciam
que
não
viviam 
nunca
experimentaram
fome
cansaço
insônia
nem
uma
mísera
dor
de
dente
uma
unha
encravada
nada
de
hospício
cadeia
nunca
traíram
ou
foram
traídos
e
se
nada
aconteceu
em
suas
vidas
o
que
eles
teriam
a
dizer
acerca
da
sua???
me
refiro
à
existência
daqueles
que
perceberam
seu
mundo
em
ruínas
a
catástrofe
diária
a
tosse
contínua
ardência
no
estômago
veneno
no
sangue
outros
contentes
com
sua
existência
atingiram
o
êxtase
ao
beber
do
cálice
eloquente
daquela
imensa
maioria
a
rabiscar
palavras
que
para
mim
sequer
tocavam
a
pele
trêmula
inquieta
esmagada
decidi
escrever
mesmo
não
sabendo
conclui
que
aqueles
que
sabiam
usavam
a
linguagem
de
forma
correta
coisa
que
não
conseguiria
fazer
devido
minha
gritante
estupidez
inventei
uma
estuprando
as
normas
da
língua
portuguesa
se
fará
sentido
para
alguém
não
sei
se
fizer
ÓTIMO
mas
não
me
convidem
para
entrevistas
fotos
recitais
qualquer
tipo
de
adulação
prefiro
viver
no
anonimato
escondido
na
selva
como
bom
predador
que
sou
apenas
ataco
na
hora
que
considero
propícia
ataco
feroz
na
jugular
vejo
o
sangue
manchar
os
corpos
meu
e
SEU
ensanguentado
retorno
à
selva
entre
plantas
animais
e
pedras
espero
sua
vida
se
tornar
carniça
espero
o
aterrisar
dos
abutres
espero
que
de
SEU
SER
morto
surja
outro
mais
interessante
afinal
é
o
que
você
quer
não
é???
espero
todo
faceiro
o
desenrolar
da
cena
e
logo
escrevo
outro
poema
tola
tentativa
de
causar
ESPANTO
escrevo
mesmo
não
sabendo
escrever
exatamente
aqueles
que
não
sabiam
é
que
golpearam
minhas
entranhas
e
aprendi
com
eles
a
sorrir
diante
da
MORTE


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