terça-feira, 27 de setembro de 2016

o despertar

acorde
é
hora
de
morrer!!!
e
desapareço
desse
mundo
sorrindo
cantando
enquanto
escrevo
meu
epitáfio
incrivelmente
não
morri
ainda
mas
cada
abertura
sonolenta
das
pálpebras
traz
consigo
a
possibilidade
de
ser
esse
o
último
dia
diante
dessa
hipótese
sorrio
canto
escrevo
e
não
sinto
os
dedos
frios
da
morte
tocando
a
pele
é
uma
espécie
de
ritual
uma
entrega
diária
da
qual
não
posso
escapar
nem
quero
é
agradável!!!
depois
do
arrepio
ao
acordar
verifico
o
tamanho
do
tormento
a
grandeza
da
dor
na
cabeça
o
cansaço
evidente
de
toda
musculatura
caminho
torto
até
a
cozinha
engulo
analgésicos
suco de laranja
lasanha à bolonhesa
tabaco americano
observo
a
luminosidade
que
invade
a
rua
os
cães
em
bando
cheirando
o
rabo
uns
dos
outros
os
vizinhos
ingerindo
chimarrão
fumando
garotas
na
esquina
tagarelando
rindo
garotos
sentados
no
meio-fio
bebendo
vinho
com
Coca-Cola
aceno
festivo
para
todos
e
mergulho
a
visão
no
papel
despejo
minhas
palavras
com
fúria
e
elas
agonizam
na
página
como
corpos
de
favelados
vítimas
de
uma
chacina
e
ao
me
aproximar
do
verso
fatal
percebo
que
os
pelos
do
corpo
não
mais
estão
de
descansam
sossegados
sobre
o
corpo
percebo
também
que
a
cabeça
flutua
os
músculos
calmos
talvez
esse
não
seja
o
último
dia
é
apenas
tola
poesia
mas
aquece
por
pouco
tempo
o
corpo
gelado
que
habito



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