sábado, 3 de setembro de 2016

desajeitado

deitado
no
sofá
assistia
o
show
de
Candy Dulfer
desajeitado
suando
coçando
bolas
pernas
pescoço
braços
com
os
pés
congelados
a
cabeça
rugindo
e
quando
finalmente
as
canções
me
acalmavam
desajeitado
ergui
o
corpo
vi
em
curiosa
câmera lenta
o
controle remoto
desabar
exatamente
dentro
do
copo d'água
a
descansar
no
carpet
retirei
o
náufrago
imediatamente
apontei
para
a
tela
apertei
um
botão
qualquer
e
claro!!!
NENHUMA
RESPOSTA
desajeitado
corri
para
o
banheiro
abri
o
compartimento
das
pilhas
as
salvei
do
lago
em
que
estavam
desajeitado
cada
vez
mais
desajeitado
enxuguei
furioso
com
 a
toalha
verde
aquele
ser
eletrônico
mais
frágil
que
minha
vida
retornei
à
sala
coloquei
as
pilhas
e
adivinhem?
NENHUMA
RESPOSTA
desajeitado
repeti
a
ida
e
volta
ao
banheiro
umas
5
vezes
até
que
senti
muito
suor
invadindo
os
olhos
cansados
na
calorosa
e
última
tarde
de
agosto
percebi
que
não
havia
mais
nada
a
fazer
desajeitado
caí
sobre
meu
colchão
velho
a
coceira
voltou
a
cabeça
voltou
a
emitir
seus
rugidos
os
pés
voltaram
a
se
congelar
e
imaginei
a
distância
que
agora
me
separava
da
deliciosa
loira
americana
Candy Dulfer
apesar
de
ouvir
seu
saxofone
vibrando
na
sala
mas
sem
o
maldito
controle
do
aparelho
de
DVD
seu
show
iria
morrer
em
breve
não
poderia
fazê-lo
renascer
que
o
desgraçado
do
aparelho
depende
totalmente
do
controle
ah!!!
não
quis
imaginar
todos
meus
queridos
disquinhos
mofando
na
prateleira
mas
imaginei
e
desajeitado
me
levantei
caminhei
até
eles
encarei
um
por
um
com
meus
olhos
mais
cansados
do
que
nunca
duas
bolinhas
agonizantes
enfeitando
a
face
assim
permaneci
por
quase
uma
hora
mirando
a
morte
dos
disquinhos
desajeitado
fiz
esse
poema
sobre
a
última
tarde
de
agosto
e
provavelmente
não
foi
a
última
vez
que
notei
o
quanto
desajeitado
sou
 

  

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