terça-feira, 1 de novembro de 2016

crepúsculo com a moçada do século XXI

e
ela
vestida
de
jeans
primavera
disse:
"você leu aquilo?"
e
o
cara
jovial
com
a
barba
por
fazer
escondido
por
trás
dos
óculos
enegrecidos
disse:
"não foi bem assim
é
que eu comprei
para minha mãe
e
acabei lendo"
enquanto
isso
a
visão
do
velho
sentado
na
grama
petrificava
o
corpo
primaveril
da
jovem
de
cabelos
pintados
toda
tímida
toda
colorida
toda
circular
toda
vestida
de
raios
solares
púrpuros
belos
raios
adormecendo
em
pele
dourada
enquanto
isso
o
velho
no
seu
disfarce
e
ao
mesmo
tempo
na
sua
verdade
de
provar
o
fogo
daquela
língua
grossa
cheia
de
saliva
e
bactéria
do
inverno
passado
a
batucar
na
boca
em
que
suas
palavras
estão
soterradas
enquanto
isso
o
velho
retirava
do
mar
de
terra
em
que
estava
a
pedra
marrom
pedra
paciente
A
PEDRA
no
lugar
em
suas
raízes
dormiam
no
lugar
da
PEDRA
nem
triste
nem
feliz
uma
vida
de
meretriz
alegre
por
não
ter
clientes
e
um
carro
com
família
pálida
à
bordo
dilacera
a
rua
ignorando
a
sanguinolenta
hora
fatal
e
o
velho
no
lugar
da
PEDRA
coloca
a
fúnebre
bagana
e
a
deixa
na
escuridão
embaixo
da
PEDRA
longeva
pedra
dormente
 pedra
a
PEDRA
e
o
velho
são
cúmplices
do
crime
e
não
punição
pois
nem
a
jovem
primaveril
nem
o
cara
dos
óculos
perceberam
o
gesto
ousado
do
velho
muito
usado
e
tudo
continuou
a
eterna
conversa
sobre
a
eterna
falta
do
que
falar


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