quinta-feira, 10 de novembro de 2016

será o acaso ou será outro desígnio malvado da natureza?

uma
moça
atravessou
 meu
caminho
me
fez
tropeçar
o
cigarro
escapou
dos
dedos
esmaguei
a
canela
no
poste
e
inundado
de
dor
desviei
a
visão
daquele
rio
de
sangue
a
jorrar
espesso
ergui
a
cabeça
dolorida
e
vi
a
moça
num
andar
nervoso
descabelada
se
equilibrando
nos
sapatos
de
salto
alto
se
distanciando
cada
vez
mais
da
canela
ensanguentada
mancando
a
segui
apressado
por
algumas
quadras
até
que
ela
estacionou
seu
corpanzil
num
ponto
de
ônibus
não
sei
como
a
coisa
aconteceu
mas
subitamente
estava
conversando
com
a
moça
que
me
enviava
gratuitamente
um
sorriso
trêmulo
me
enviava
uma
fala
aguda
em
alto
volume
ela
disparava
sua
metralhadora
sonora
contra
minha
face
massacrada
pelo
sol
alegre
da
primavera
me
disse
que
estava
afundada
num
oceano
de
ódio
pois
seu
querido
marido
havia
traído
sua
doce
pessoa
com
sua
irmã
e
ela
repetia
IRMÃ
diversas
vezes
e
me
perguntava
se
isso
era
um
sinal
do
fim
do
mundo
citou
passagens
bíblicas
citou
ditados
populares
citou
frases
de
Augusto Cury
eu
nada
dizia
pois
ela
emendava
uma
sílaba
na
outra
cuspindo
sua
fúria
de
uma
maneira
que
até
os
cães
da
rua
a
olhavam
espantados
a
moça
permaneceu
discursando
e
percebi
que
seus
olhos
raivosos
miravam
para
tudo
quanto
é
lado
menos
para
minha
face
arruinada
e
finalmente
o
seu
ônibus
chegou
ela
disse
com
um
dentro
do
veículo
que
estava
indo
fazer
uma
visitinha
à
sua
graciosa
IRMÃ
eu
ia
oferecer
companhia
ajuda
alguma coisa
porém
a
moça
invadiu
o
transporte
coletivo
empurrando
todos
que
estavam
na
sua
frente
e
apenas
ouvi
o
ronco
estridente
do
motor
machucar
ainda
mais
minha
canela
ferida
acendi
um
cigarro
e
antes
da
terceira
tragada
o
joguei
no
chão
mancando
entrei
no
primeiro
bar
que
encontrei
pedi
uma
dose
de
qualquer
bebida
enquanto
esperava
a
lembrança
da
moça
descabelada
entrou
pela
boca
deitou
no
intestino
provocou
dor
na
pança
velha
e
até
agora
o
incômodo
ainda
dorme
mordiscando
o
reto
afinal
ela
era
LINDA

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