João e Ana
um
beijo
gelado
invade
o
corpo
de
João
cansado
coça
o
rosto
acende
a
bagana
devolve
carícia
fúnebre
a
Ana
que
desvia
o
lábio
cadavérico
para
morder
a
xícara
cheia
de
café
fumegante
MELLITA EXTRA-FORTE
e
João
nesse
momento
deseja
ser
cão
para
não
saber
que
existe
e
Ana
ri
por
dentro
um
riso
irônico
de
quem
sabe
que
não
existe
que
é
ILUSÃO
o
alpiste
que
o
canário
triste
devora
lento
na
gaiola
enferrujada
é
ILUSÃO
o
vermelho
na
face
de
João
constrangido
por
não
ser
apenas
um
miserável
cão
morrendo
de
frio
nessa
alvorada
mais
do
que
gelada
(aqui
no
vale
do
Iguaçu
cada
vez
mais
furioso)
e
ocioso
estou
DEBRUÇADO
NA
JANELA
observando
apenas
observando
esses
seres
que
inventei
e
batizei
de
João
e
Ana
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